quarta-feira, 9 de abril de 2025

Dentro da Noite

Título no Brasil: Dentro da Noite
Título Original: They Drive By Night
Ano de Produção: 1940
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Raoul Walsh
Roteiro: Jerry Wald, Richard Macaulay
Elenco: George Raft, Ann Sheridan, Ida Lupino, Humphrey Bogart, Gale Page, Alan Hale

Sinopse:
Os atores George Raft, Humphrey Bogart e Alan Hale interpretam motoristas de caminhão que carregam frutas e legumes para supermercados da cidade. Enquanto Raft envolve-se com a mulher (Lupino) do patrão, Bogart e Hale envolvem-se numa trama perigosa.

Comentários:
Um show de interpretação de Ida Lupino... Nas décadas de 30, 40 e 50 Hollywood fazia esse tipo de filme aos borbotões. Nesse em especial e com o ótimo Raoul Walsh na direção, a história gira em torno da vida de um grupo de caminhoneiros, seus dramas, o perigo das estradas, as noites viradas sem dormir e suas dívidas com os caminhões e com as cargas. George Raft e Humphrey Bogart são dois irmãos caminhoneiros que trabalham para um patrão déspota e desonesto. Paralelamente os dois também lutam para acabar de pagar o caminhão em que trabalham. No entanto a virada na vida dos dois estava próxima. Raft, por acaso, reencontra um velho amigo caminhoneiro que se transformara num rico empresário. O problema é que a mulher do empresário (Lupino) foi seu grande amor no passado. E depois de reencontrar o seu ex-grande amor, Lupino não vai deixar escapa-lo, nem que para isso ela tenha que dar um fim em seu casamento de fachada. Nota 8

Telmo Vilela Jr.

terça-feira, 8 de abril de 2025

Sangue Acusador

Sangue Acusador
Esse filme estaria esquecido completamente na história do cinema se não fosse por algumas peculiaridades em sua produção e elenco. Essencialmente é um filme B da Universal, lançado no final da década de 1940. Naquele período do pós segunda guerra, tudo o que os americanos queriam era um pouco de diversão nos cinemas, para afastar e superar os traumas do maior conflito armado da história. E os filmes contando histórias de detetives caíam muito bem no gosto popular. Traziam boas histórias, boas tramas envolvendo crimes e tinha aquele clima sombrio do cinema noir que agradava em cheio ao público.   

A direção foi do conhecido produtor de fitas B, William Castle. Ele era bem famoso por causa de seus filmes sobre aranhas gigantes e coisas do tipo. Filmes de detetives, ao estilo noir, nem sempre faziam parte de sua filmografia. Apesar disso se deu bem aqui. E teve visão para entender que o jovem Rock Hudson que estava no elenco, interpretando um detetive, iria se destacar no cinema. Ele fotografava muito bem em cena e tinha o tipo ideal de galã naquela fase da indústria norte-americana. Castle inclusive declarou: "Com o agente certo e os filmes bem selecionados esse ator pode se tornar um grande astro nos próximos anos". Acertou em cheio na sua previsão. 

Sangue Acusador (Undertow, Estados Unidos, 1949) Direção: William Castle / Roteiro: Arthur T. Horman, Lee Loeb / Elenco: Scott Brady, John Russell, Dorothy Hart, Rock Hudson / Sinopse: Um condenado em liberdade condicional é acusado de assassinato e procura se livrar de uma nova prisão antes que a polícia o encontre. Uma nova condenação seria o fim definitivo de sua liberdade. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 7 de abril de 2025

Erros do Coração

Título no Brasil: Erros do Coração
Título Original: The Rich Are Always with Us
Ano de Produção: 1932
País: Estados Unidos
Estúdio: First National Pictures, Warner Bros
Direção: Alfred E. Green
Roteiro: Austin Parker
Elenco: Ruth Chatterton, George Brent, Bette Davis
  
Sinopse:
Com roteiro baseado na novela romântica escrita pela autora Ethel Pettit, "Erros do Coração" conta a estória de um casamento em crise. Após dez anos de casados, Caroline Grannard (Ruth Chatterton) e seu marido Greg (John Miljan) não conseguem mais esconder as fendas cada vez mais profundas de seu desgastado relacionamento. Para piorar uma mulher bem mais jovem, Allison Adair (Adrienne Dore), parece despertar sentimentos profundos em Greg. Tudo assim estaria fadado ao fim em relação a eles? Poderia aquele casamento sobreviver a tamanha crise emocional?

Comentários:
Filme marcante da era de ouro do cinema clássico americano. Entre outras coisas marcou por trazer uma das primeiras grandes atuações da ainda jovem atriz Bette Davis. Na época, com apenas 24 anos, ela já conseguiu chamar todas as atenções para si, mesmo não desempenhando o papel principal do filme. O personagem principal feminino é interpretada pela simpática e talentosa atriz Ruth Chatterton (1892 - 1961) que além de saber atuar muito bem, ainda tinha um raro talento vocal, o que de certa forma lhe abriu as portas em Hollywood para vários filmes do gênero como, por exemplo, "Amar não é Pecado" e "Sarah e Seu Filho". Esses filmes também tinham uma forte carga dramática o que valeu a atriz duas indicações ao Oscar no mesmo ano, uma por seu papel coadjuvante no último filme citado e outra como atriz principal em "Madame X". Mesmo com tanta bagagem o fato é que Ruth acabou ofuscada por Bette Davis. De fato, durante todo o desenrolar da trama o cinéfilo ficará mais interessado nos rumos do papel de Bette do que do casal principal. Ela sabia muito como bem interpretar personagens dúbias, que podiam transitar entre o bom mocismo e a maldade absoluta. Não é por acaso que acabou se tornando uma das mais famosas atrizes de todos os tempos.

Pablo Aluísio.

domingo, 6 de abril de 2025

Corridas de Automóveis para Meninos

Título no Brasil: Corridas de Automóveis para Meninos
Título Original: Kid Auto Races at Venice
Ano de Produção: 1914
País: Estados Unidos
Estúdio: Keystone Film Company
Direção: Henry Lehrman
Roteiro: Henry Lehrman, Charles Chaplin
Elenco: Charles Chaplin, Henry Lehrman

Sinopse:
Um cameraman tenta filmar uma corrida de garotos em Venice mas acaba tendo que lidar com um espectador inconveniente (Chaplin) que tenta a todo custo ser filmado nas imagens. Fingindo estar passeando ou de bobeira ele coloca todo o trabalho do câmera a perder! Primeira aparicão de Charles Chaplin no cinema americano.

Comentários:
Primeiro filme do genial Charles Chaplin (1889–1977). Na época ele era apenas um inglês na Califórnia tentando entender as manhas da nascente indústria cinematográfica americana que nascia. Assim em seu primeiro dia de trabalho ele foi desafiado pelo diretor Henry Lehrman a dar senso de humor a uma corrida que estava sendo realizada com pequenos carros pilotados pela garotada. Charles Chaplin então teve uma ideia original e que já mostrava sinais da genialidade que iria desenvolver nos anos seguintes. O que seria mais inconveniente do que um sujeito sem noção que, querendo aparecer para as câmeras a todo custo, surgia a todo momento no meio da filmagem da corrida, atrapalhando todo o trabalho do câmera? E foi justamente com essa ideia simples - mas muito engraçada - que Chaplin surgiu pela primeira vez nas telas. O curta tem pouco mais de dez minutos mas as risadas são garantidas. Chaplin também já demonstra um pouco do figurino que iria lhe transformar em um dos maiores mitos da sétima arte. O terno desajeitado, fora de seu número certo, e uma inconveniência divertida que nascia até mesmo de uma ingenuidade já antecipava o que veríamos no imortal Carlitos. Esse filme está celebrando cem anos de idade agora em 2014. Uma boa pedida para quem quiser conferir Chaplin pela primeira vez nos cinemas.

Pablo Aluísio.

sábado, 5 de abril de 2025

Sabrina

Sabrina Fairchild (Audrey Hepburn) é a filha do chofer de uma rica família de Long Island. Ela nutre por muito anos uma paixão indisfarçável por David Larrabee (William Holden) o irresponsável e playboy filho mais novo do rico patrão de seu pai. Tempos depois vai a Paris para aprender a arte culinária da cozinha francesa e retorna completamente mudada, fina e elegante. Não demora muito a despertar a atenção dos irmãos Larrabee que agora irão disputar entre si o coração da bela jovem. "Sabrina" é o mais elegante filme da carreira de Billy Wilder. Tudo é de muito bom gosto na produção - roupas de grife, trilha sonora de alto nível e um clima de sofisticação que impera em todas as cenas. Audrey Hepburn encontra em Sabrina um papel bem adequado ao seu estilo de interpretação. Seus pretendentes em cena, Humphrey Bogart e William Holden, também estão muito bem em seus respectivos personagens, dois irmãos que são opostos entre si, o primeiro trabalhador e responsável e o segundo um playboy incorrigível.

Durante muitos anos "Sabrina" virou um ícone dos filmes românticos em Hollywood tanto que daria origem até mesmo a uma série de publicações de mesmo nome que exploravam bem um clima de romance idealizado, escrito e consumido por jovens que sonhavam com seu príncipe encantado. Curiosamente no filme Audrey acaba tendo que escolher entre a paixão platônica de sua adolescência ou a figura de um homem mais equilibrado e seguro de si o que demonstra que nem sempre o homem de seus sonhos é aquele que você pensava ser o ideal. Outro fato interessante é perceber como Audrey, mesmo no começo de sua carreira, não se mostra intimidada de contracenar com o mito Bogart que aqui deixa de lado seus personagens cínicos e perigosos que desempenhava em seus outros filmes. 

Na verdade ele entrou no elenco na última hora pois o ator que havia sido escalado inicialmente, Cary Grant, não se recuperou de um acidente que havia sofrido e por determinação médica foi afastado do filme. Já William Holden está bem diferente da imagem que estamos acostumados, ele surge em cena de cabelo pintado, um loiro falso que chama a atenção pelo exagero. "Sabrina" fez sucesso de público e crítica quando foi lançado. Concorreu a vários prêmios da Academia e levou o Oscar de Melhor Figurino (para Edith Head, uma veterana em Hollywood). Já o diretor Billy Wilder, que também assinava o roteiro, foi premiado pelo Globo de Ouro por seu belo texto. O filme ganharia uma nova versão na década de 90 com Harrison Ford mas esse remake era infinitamente inferior. Melhor ficar com o original mesmo, "Sabrina" é sem dúvidas uma ótima dica para o cinéfilo que procura um filme clássico com muita classe e elegância. Pode assistir sem receios que não vai se arrepender.

Sabrina (Sabrina, EUA, 1954) Direção: Billy Wilder / Roteiro: Billy Wilder, Samuel Taylor, Ermst Lehman / Elenco: Audrey Hepburn, Humphrey Bogart, William Holden / Sinopse: Sabrina Fairchild (Audrey Hepburn) é a filha do chofer de uma rica família de Long Island. Ela nutre por muito anos uma paixão indisfarçável por David Larrabee (William Holden) o irresponsável e playboy filho mais novo do rico patrão de seu pai. Tempos depois vai a Paris para aprender a arte culinária da cozinha francesa e retorna completamente mudada, fina e elegante. Não demora a despertar a atenção dos irmãos Larrabee que agora irão disputar entre si o coração da bela jovem.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 4 de abril de 2025

Tarzan - O Filho das Selvas

Título no Brasil: Tarzan - O Filho das Selvas
Título Original: Tarzan the Ape Man
Ano de Produção: 1932
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: W.S. Van Dyke
Roteiro: Cyril Hume,
Elenco: Johnny Weissmuller, Maureen O'Sullivan, C. Aubrey Smith, Neil Hamilton, Ivory Williams, John Smith

Sinopse:
James Parker e Harry Holt estão em uma expedição na África em busca dos cemitérios de elefantes que fornecerão marfim o suficiente para torná-los ricos. A bela filha jovem de Parker, Jane, chega inesperadamente para se juntar a eles. Harry é, obviamente, atraído por Jane e ele faz o seu melhor para ajudar a protegê-la de todos os perigos que eles enfrentam na selva. A floresta porém se revelará mais surpreendente do que eles pensavam. Do meio do ambiente selvagem surge Tarzan, um homem branco que se comporta como uma criatura das selvas. Jane logo fica intrigada com essa situação e começa a se aproximar do homem das selvas para juntos enfrentarem os perigos das matas onde Tarzan vive.

Comentários:
O roteiro desse clássico foi baseado na obra do escritor Edgar Rice Burroughs. E assim esse filme acabou definindo para sempre nas telas de cinema o famoso personagem Tarzan. Embora tenha nascido no mundo da literatura, desde o começo o homem das selvas parecia perfeito para o cinema. Sua estória tinha todos os elementos que fariam de sua adaptação uma grande aventura cinematográfica. A MGM também foi muito feliz na escolha de Johnny Weissmuller para o papel principal. Atleta olímpico, grandão e com jeito rústico, o nadador que não tinha muita experiência como ator, acabou se revelando perfeito para ser o mais popular Tarzan do cinema de todos os tempos. 

Some-se a isso as pequenas inovações que jamais seriam deixadas de lado em futuras aventuras do personagem no cinema, como o famoso grito - na verdade uma mistura muito bem realizada entre grito humano e sons de animais da floresta. Desnecessário dizer que o filme se tornou um grande campeão de bilheteria em seu lançamento. Outro ponto interessante é que diante dos rígidos padrões morais dos anos 1930 a pouca roupa dos protagonistas acabou se tornando um problema, principalmente em relação à atriz Maureen O'Sullivan como Jane. Bobagens que o tempo faria questão de varrer para debaixo do tapete. Mais de oitenta anos depois de seu lançamento o fato é que "Tarzan the Ape Man" ainda é, sem dúvida, uma das melhores aventuras de todos os tempos. E isso, senhoras e senhores, definitivamente não é pouca coisa!

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 3 de abril de 2025

Deus é Meu Juiz

Deus é Meu Juiz
O segundo filme da carreira de Paul Newman trazia um tema muito ousado para a época. De certa forma seria considerado complexo do ponto de vista psicológico até mesmo para os dias atuais, imagine para os anos 1950. O ator interpreta um militar das forças armadas americanas que é feito prisioneiro na guerra da Coreia. Ele passa dois longos anos em um campo de prisioneiros e quando retorna aos Estados Unidos está destruído psicologicamente. Pior do que isso, há provas de que nesse período ele teria passado para o lado do inimigo, colaborando com as forças ideológicas e militares dos países que lutaram contra os Estados Unidos na guerra. 

Paul Newman, ainda bem jovem, encontrou finalmente nesse filme o material de qualidade artística que tanto havia procurado. Ele tinha se formado no famoso Actors Studio e estava decepcionado com o primeiro filme que havia estrelado em Hollywood. Então passou a buscar por um roteiro que estivesse à altura de sua formação como ator. Encontrou esse que não foi tão bem compreendido na época de seu lançamento original. Só que não se engane, esse é um drama psicológico maduro e inteligente, um dos melhores já lançados na história do cinema norte-americano. E Newman, como era esperado, estava ótimo em sua atuação.

Deus é Meu Juiz (The Rack, Estados Unidos, 1956) Direção: Arnold Laven / Roteiro: Stewart Stern, Rod Serling / Elenco: Paul Newman, Wendell Corey, Walter Pidgeon / Sinopse: Após ficar dois anos como prisioneiro em um campo inimigo na guerra da Coreia, um jovem militar dos Estados Unidos retorna ao seu país, mas algo está errado com sua mente e forma de pensar. O que teria acontecido?

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 2 de abril de 2025

Alma no Lodo

Título no Brasil: Alma no Lodo
Título Original: Little Caesar
Ano de Produção: 1931
País: Estados Unidos
Estúdio: First National Pictures
Direção: Mervyn LeRoy
Roteiro: W.R. Burnett, Robert N. Lee
Elenco: Edward G. Robinson, Douglas Fairbanks Jr., Glenda Farrell
  
Sinopse:
Little Caesar (Edward G. Robinson) é um bandido que vive de pequenos golpes, como roubos em postos de gasolina. Ao se deparar com a notícia de um grande jornal de Nova Iorque ele percebe a diferença entre ser um bandido pé de chinelo e ser um grande e poderoso gângster de uma grande cidade americana. Assim resolve deixar sua cidade natal e vai até a grande metrópole no objetivo de entrar na gangue de Pete Montana (Ralph Ince). Violento e ambicioso, começa a subir na hierarquia do crime. Após matar um importante comissário de polícia resolve se tornar o chefão de sua própria quadrilha. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Roteiro Adaptado. 

Comentários:
Segundo várias biografias de Al Capone esse era o seu tipo preferido de filme. Não é de se admirar, até porque na maioria das vezes os roteiros eram meras adaptações de sua própria vida pessoal. Assim o mais famoso gangster da história se sentia lisonjeado em ser retratado nas telas. Tal como aconteceu com James Cagney, o ator Edward G. Robinson construiu sua carreira interpretando criminosos, gangsters violentos e cruéis. Cagney ainda procurava injetar certos aspectos de humanidade em seus personagens, mas Robinson não estava muito preocupado com isso. Seus bandidos eram violentos, desalmados e cruéis. Ele próprio dizia, sem rodeios, que já nascera com cara de bandido (o que não deixava de ser uma verdade). Nesse filme ele dá vida a Little Caesar, que se tornaria um de seus personagens mais famosos. Aquele tipo de gangster que a platéia adorava odiar! 

O curioso é que o roteiro gira praticamente em torno dele e de seu comparsa mais antigo, Joe Massara (Douglas Fairbanks Jr), um criminoso incomum que não conseguia se decidir entre escolher o mundo do crime ou da dança (isso mesmo, um gangster que adorava dançar!). O enredo está cheio de assassinatos, crimes violentos, roubos e tiroteios. Esse tipo de filme, realizado na década de 1930, acabaria sendo alvo do Macartismo alguns anos depois, sendo apontado como um exemplo de como Hollywood gostava de glorificar e glamorizar a vida de criminosos infames da época. Não é para tanto. O roteiro parece preocupado o tempo todo em mostrar que o crime não compensa, a ponto inclusive de abrir o filme com uma passagem do Novo Testamento quando Jesus disse: “Embainha a tua espada; pois todos os que lançam mão da espada pela espada morrerão!" (Mateus 26:52). O destino de Little Caesar só confirmaria a famosa frase, mostrando claramente as intenções do roteiro. Assim temos aqui um dos mais famosos filmes sobre gangsters da era de ouro do cinema clássico americano. Um belo retrato de uma época violenta e brutal.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 1 de abril de 2025

Ratos do Deserto

Norte da África. Segunda Guerra Mundial. As tropas do eixo comandadas pelo brilhante general Erwin von Rommel (James Mason) tentam destruir os últimos batalhões de resistência aliada entrincheirados em Tobruk. O capitão inglês 'Tammy' MacRoberts (Richard Burton) é enviado para o campo de batalha para liderar um regimento australiano que tem como missão deter o avanço dos tanques do Afrika Korps alemão. Disciplinador e austero com seus comandados, ele logo se torna uma figura de destaque no meio do histórico conflito. Conseguirá ser bem sucedido em seu plano de defesa? Para quem gosta de filmes sobre a II Guerra Mundial esse "Ratos do Deserto" é um prato cheio. O roteiro explora uma das mais famosas e sangrentas batalhas de toda a guerra, a luta pelo controle do norte da África, uma região hostil, complicada, onde uma luta feroz entre alemães e ingleses se desenvolve. Eles travam uma queda de braço que entrou para a história. O capítulo de enfrentamento entre alemães e ingleses nas areias do deserto no norte da África certamente é um dos momentos mais estudados e lembrados de toda a guerra. Choque de titãs!

O elenco conta com dois grandes atores. James Mason está excelente como Rommel. Sua atuação não é apenas grandiosa no que diz respeito ao estilo do general mas também fisicamente, pois ele está muito parecido com o militar alemão. Richard Burton também se destaca em seu papel. Seu personagem encontra um dilema pessoal quando encontra um velho professor de sua adolescência lutando como um mero soldado raso em seu pelotão. Os diálogos que travam mostram bem como o roteiro é bem escrito, caprichado mesmo. Outro destaque é o talento demonstrado por Robert Wise, um grande cineasta. Ele procura ser realista mas também abre espaço para cenas que são visualmente impressionantes como a dos soldados caminhando em direção ao horizonte, enquanto olham para as explosões que os esperam, se refletindo nas nuvens do céu. Esse momento tem um grande impacto para o espectador pois vemos a fragilidade daqueles homens em frente a um conflito de dimensões épicas. Outra cena tecnicamente perfeita acontece quando Rommel ordena um ataque bem no meio de uma tempestade no deserto. Ele pretende literalmente camuflar seus tanques no meio do caos causado pela areia. Em conclusão podemos dizer que "Ratos do Deserto" merece o status de ser considerado um dos melhores filmes de guerra já feitos pelo cinema americano. É um filme realmente excepcional em todos os aspectos.

Ratos do Deserto (The Desert Rats, Estados Unidos, 1953) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: Robert Wise / Roteiro: Richard Murphy / Elenco: Richard Burton, James Mason, Robert Newton / Sinopse: O filme resgata a acirrada batalha travada entre ingleses e alemães no norte da África durante a segunda guerra mundial.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 10 de março de 2025

Os Assassinos

Há muito tempo eu percebi que os filmes da década de 40 são bem mais realistas do que os que foram realizados nos anos 50. Na década de 50 os personagens são muito mais definidos (os mocinhos são verdadeiros poços de virtude e os bandidos são malvadões sem coração). Nos anos 40 isso não era bem assim. Veja o caso desse "Os Assassinos". Os tipos que desfilam pela tela possuem dubiedade moral, não se sabendo ao certo se na realidade são vilões ou mocinhos. Na realidade eles passeiam em um campo cinzento, sem se posicionar completamente em um lado ou outro, igual à vida real.

Na trama alguns personagens são centrais. O "Sueco", vivido por Burt Lancaster, é um boxeador fracassado que após o fim de sua carreira vive de pequenos golpes até que se une ao bando de Big Jim. De todos os envolvidos a que mais destaca essa dubiedade moral dos anos 40 é a personagem Kitty, interpretada por Ava Gardner (no auge da juventude e beleza). Femme Fatale por excelência, ela será o centro de toda a trama passada no filme. "Os Assassinos" é um ótimo exemplo do cinema maduro e cínico da década de 40. Não existem propriamente bandidos ou mocinhos e seu roteiro estruturado em vários flashbacks acentua ainda mais isso. Um belo exemplar noir que deve ser conhecido pela geração cinéfila mais jovem. 

Os Assassinos (The Killers, Estados Unidos, 1948) Direção: Robert Siodmak / Roteiro: Anthony Veiller, Elwood Bredell, Ernest Hemingway, John Huston, Richard Brooks / Elenco: Burt Lancaster, Ava Gardner, Edmond O'Brien, Albert Dekker / Sinopse: Através de flashbacks o filme narra a intrigante estória do "Sueco" (Burt Lancaster), um sujeito de passado nebuloso envolvido com o submundo do crime. Filme indicado a quatro categorias no Oscar: Melhor direção, roteiro, edição e música.

Pablo Aluísio.