quinta-feira, 5 de junho de 2025
As Cartas de Grace Kelly - Parte 1
Esses escritos revelam de certa forma uma dubiedade na opinião dela sobre tudo o que vivenciou em seus anos como atriz famosa e estrela de Hollywood. Ora Grace parece ter uma visão muito ruim e pessimista sobre a indústria, ora parece saudosista e com muitas saudades daqueles anos. Sobre as relações sociais em Hollywood Grace resumiu tudo em uma frase bem mordaz dizendo: "Tenho muitos conhecidos por lá, mas nenhum amigo!". Depois confessou que o clima de se trabalhar naqueles grandes estúdios não era tão glamoroso quanto o público pensava naquela época. Sobre isso ela escreveu a uma amiga confessando: "Hollywood é um lugar sem piedade. Não conheci nenhum outro lugar no mundo com tantas pessoas sofrendo de crises nervosas, com tantos alcoólatras, neuróticos e tanta gente infeliz. Parece sagrada para o público, mas na verdade é mais profana do que o demônio.”
Um aspecto que chamou bastante a atenção de Grace Kelly quando trabalhava em Hollywood e que talvez tenha sido crucial para que ela largasse a vida de estrela veio da observação que teve sobre a realidade das atrizes mais velhas do que ela. Elas tinham sido estrelas do passado, mas agora não tinham mais importância para os produtores. Grace chegou na conclusão de que quanto mais velha se ficava em Hollywood, menos se conseguia bons papéis e bons salários nos filmes em que atuavam. Isso, claro, quando se conseguia trabalho, pois Grace ficava entristecida como certas estrelas do passado eram mal tratadas pelos produtores após a idade chegar para elas. Ele resumiu suas conclusões em uma carta escrita a um amigo jornalista de Nova Iorque que perguntava se um dia ela retornaria para trabalhar em algum filme. Respondendo a ele, Grace escreveu: "Não vou voltar! Conheci grandes estrelas do passado que praticamente imploravam por um papel quando perdiam a beleza e a juventude! Era muito triste! Elas tinham sido grandes estrelas, fizeram com que os estúdios ganhassem milhões com seus filmes, mas depois de muitos anos ninguém mais se importava com elas ou as respeitavam! Eu quero outro futuro para a minha vida!"
A carga de trabalho também não era nenhum passeio como ela bem explicou: "Há alguns anos, quando cheguei a Hollywood, eu começava a fazer a maquiagem às oito horas da manhã. Depois de uma semana o horário foi adiantado para às 7h30. Todos os dias via Joan Crawford, que começava a ser preparada às cinco, e Loretta Young, que já estava lá desde as quatro da manhã! Deus me livre de viver em uma atividade em que tenho de me levantar cada vez mais cedo e levar cada vez mais tempo para poder encarar as câmeras”. De qualquer maneira Grace Kelly nunca chegou a fechar definitivamente as portas para quem sabe um dia voltar para o cinema! Quando Alfred Hitchcock a convidou para voltar para apenas mais um último filme ela lhe respondeu de volta agradecendo, mas explicando que não voltaria tão cedo. Para o mestre do suspense Grace escreveu: “Obrigada, meu querido Hitch, por ser tão compreensivo e atencioso. Odeio decepcionar você! Também odeio o fato de que provavelmente existam muitas outras ‘cabeças’ capazes de fazer esse papel tão bem como eu – Apesar disso, espero continuar a ser uma de suas ‘vacas sagradas”. Nesse trecho Grace fez um trocadilho com uma declaração que Hitchcock havia feito sobre os atores e atrizes com quem havia trabalhado, os comparando com gado! Depois de forma muito terna ela se despediu dizendo: "Com um imenso carinho me despeço querido amigo" (onde acabou destacando bem a palavra “imenso”). Assinado “Grace”.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 4 de junho de 2025
O Demolidor
Essa produção também se notabilizou por ter sido a primeira grande oportunidade na carreira para o jovem ator Rock Hudson. O papel foi conseguido graças à astúcia de seu agente, o poderoso Henry Wilson, que usou de todas as suas influências para que Rock fosse escalado no elenco, mesmo que em papel que era mero coadjuvante do astro Jeff Chandler. Em sua autobiografia Rock recordou que assim que viu o filme pronto nas telas de cinema, pressentiu que iria virar uma estrela de Hollywood. Seu amigo, Mark Miller, foi claro que dizer para Rock: "Prepare-se para se tornar um astro!".
De fato é um filme onde tudo parece se encaixar muito bem. O público de hoje em dia vai de certa forma associar o enredo ao grande sucesso de Stallone, "Rock, um Lutador", mas há também diferenças significativas sobre entre as duas produções. Como não poderia deixar de ser em um filme dos anos 1950, há toda uma preocupação em desenvolver mais dramaticamente todos os personagens. Não há tanta ênfase nas lutas de boxe, mas sim na parte dos bastidores, dos apostadores, dos pequenos e grandes patifes que viviam nesse mundo. Todos querendo se dar bem de alguma forma.
O roteiro também trazia essa mensagem subliminar de que o crime não compensava. Lançado em setembro de 1951, quase um ano depois de ter sido filmado, o filme acabou surpreendendo nas bilheterias, uma vez que a Universal não estava esperando por um sucesso como aquele. No máximo o estúdio pensava que seria um filme B, que iria ocupar algumas salas de cinema e nada mais do que isso. Vale destacar que Rock Hudson acabou roubando as atenções, tanto do público como também da crítica. Ele realmente já estava pronto para virar o grande astro que iria se tornar logo depois.
O Demolidor (Iron Man, Estados Unidos, 1951) Estúdio: Universal Pictures / Direção: Joseph Pevney / Roteiro: George Zuckerman, baseado na novela de W.R. Burnett / Elenco: Jeff Chandler, Rock Hudson, Evelyn Keyes, Stephen McNally / Sinopse: Um ambicioso trabalhador das minas de carvão é convencido a se tornar um boxeador por seu irmão, um ganancioso apostador de lutas de boxe.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 3 de junho de 2025
Juventude Transviada
Pode-se dizer que o roteiro não tem um foco principal. Na realidade ele conta a história de amizade e paixão envolvendo três jovens da época (interpretados por James Dean, Natalie Wood e Sal Mineo). Eles enfrentam a barra e as crises típicas da adolescência em uma Los Angeles que mais parece uma selva para os jovens. James Dean interpreta um rebelde, mas não um rebelde ao estilo Marlon Brando. Não é um personagem explosivo ou violento. Está mais para um jovem que sofre várias crises internas, que tenta superar os traumas psicológicos dos problemas familiares e escolares. É um bom retrato, uma crônica fiel daquela geração do pós- guerra, quando os Estados Unidos viviam um ótima fase econômica. O rebelde de James Dean não tinha propriamente uma causa, a não ser encontrar-se a si mesmo.
Juventude Transviada (Rebel Without a Cause, Estados Unidos, 1955) Direção: Nicholas Ray / Roteiro: Stewart Stern, Irving Shulman / Elenco: James Dean, Natalie Wood, Sal Mineo / Sinopse: Um jovem rebelde com um passado conturbado chega a uma nova cidade, encontrando amigos e inimigos. Filme indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante (Sal Mineo), melhor atriz coadjuvante (Natalie Wood) e melhor roteiro (Nicholas Ray).
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 2 de junho de 2025
O Tempo Não Apaga
Título Original: The Strange Love of Martha Ivers
Ano de Produção: 1946
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Lewis Milestone
Roteiro: Robert Rossen
Elenco: Barbara Stanwyck, Van Heflin, Lizabeth Scott, Kirk Douglas, Judith Anderson, Roman Bohnen
Sinopse:
O ano é 1928. Baseado no romance "Love Lies Bleeding" escrito por John Patrick, o filme conta a história de Martha Ivers (Barbara Stanwyck), uma mulher dominadora e implacável, casada com um homem que tenta manipular de todas as maneiras. Martha tem um terrível segredo envolvendo seu passado, algo que não pode ser descoberto por ninguém.
Comentários:
Drama pesado, assinado pelo talentoso cineasta Lewis Milestone. O filme chegou a ser indicado a um Oscar, na categoria melhor roteiro. Curiosamente a indicação foi para o escritor John Patrick que escreveu o romance que deu origem ao filme e não propriamente ao roteirista dessa produção, Robert Rossen. Um tipo de erro que alguns anos depois a Academia iria consertar, mudando as regras de indicação a esse prêmio. Outro fato curioso é que o filme fez grande sucesso na Europa (mais do que dentro do mercado americano). Sua trama, bem pesada, calcada em personagens dramáticos e trágicos, foi bem de encontro ao gosto dos europeus. Por essa razão o filme acabou fazendo boa carreira no exterior, inclusive sendo reconhecido no Festival de Cannes daquele ano. Outro fato digno de nota é que esse foi o primeiro filme da carreira do ator Kirk Douglas. Ele interpreta um jovem procurador, ambicioso, mas honesto, chamado Walter O'Neil. Douglas ainda era bem moço, mas já demonstrava aquele carisma forte que iria construir toda a sua carreira, o transformando em um dos grandes astros da história de Hollywood nos anos seguintes. Já Barbara Stanwyck se sobressai bastante com sua atuação ao dar vida a uma mulher com poucos valores éticos, cujas ambições se resumem a ficar rica, seja de que maneira for. Ela inclusive guarda um terrível segredo em seu passado que agora tenta de todas as formas esconder. Enfim, um bom dramalhão dos anos 40, valorizado sobretudo por seu excelente elenco.
Pablo Aluísio.
domingo, 1 de junho de 2025
Júlio César

Durante a exibição do filme fiquei pensando na opinião do ator e cheguei na conclusão pessoal de que ele estava certo apenas em termos. Realmente o ator está muito jovem, até inexperiente, para recitar Shakespeare. Atores ingleses obviamente se saem melhor nesse aspecto. Porém é impossível não reconhecer seu talento em duas grandes cenas do filme. A primeira ocorre quando Marco Antônio (Brando) encontra o corpo esfaqueado de César no senado. Se nos primeiros minutos de filme ele está em segundo plano aqui nesse momento assume posição de destaque no desenrolar dos acontecimentos. A segunda grande cena do ator no filme surge depois quando ele discursa para a multidão. Levando o corpo de César nos braços ele joga com as palavras de forma maravilhosa. Essa segunda cena é seguramente um dos maiores momentos de Brando no cinema. Esqueça seus famosos resmungos, aqui ele surge com uma dicção perfeita e uma oratória ímpar (mostrando que sua passagem pelo Actors Studio não foi em vão). Com pleno domínio ele instiga o povo contra os senadores que mataram César. Brando está perfeito no discurso, em um momento realmente de arrepiar.
Sobre o segundo aspecto realmente devo dar razão à opinião do ator. O público americano provavelmente estranhou a forma do filme. A cultura americana (e a nossa, diga-se de passagem) não abre muitas brechas para um texto tão bem escrito e profundo como esse. Os diálogos são declamados com grande eloqüência, por maravilhosos atores. O texto obviamente é riquíssimo em todos os sentidos e ao final de cada grande diálogo o espectador mais atento certamente ficará impressionado pela grandeza que a palavra escrita alcançava nas mãos de Shakespeare. Por se tratar de tão culto autor o filme exige uma certa erudição do público.
O espectador deve entender principalmente o contexto histórico do que se passa na tela (o fim da República Romana e o surgimento do Império). Deve também entender que Brutus (brilhantemente interpretado por James Mason) não é um vilão em cena mas sim um cidadão romano que acreditava no sistema político de então. Aliás é bom frisar que o tempo acabaria de certa forma dando razão a ele e aos senadores que mataram César. Os ideais republicanos de Roma tiveram muito mais influência nos séculos seguintes do que o arcaico e corrupto sistema que foi implantado pelos imperadores que iriam suceder César no poder. O legado do Império acabou mas as fundações do republicanismo que tanto foram defendidas por Brutus seguem firme até os dias de hoje. Enfim, Júlio César é um excelente filme, uma aula de cultura em todos os aspectos. Brando não está menos do que magnífico, apesar de ter ficado inseguro no resultado final. Em tempos de sub-cultura que vivemos “Júlio César” é não menos do que obrigatório
Júlio César (Julius Caesar, Estados Unidos, 1953) Diretor: Joseph L. Mankiewicz / Roteiro: Joseph L. Mankiewicz baseado na obra de William Shakespeare / Elenco: Marlon Brando, James Mason, John Gielgud, Deborah Kerr, Alan Napier./ Sinopse: Júlio César (Louis Calhern) é um habilitoso político e general romano que é assassinado no senado nos idos de março. Após sua morte duas facções se formam, os que querem a morte dos assassinos liderados por Marco Antônio (Marlon Brando) e Otáviano e os que comemoram sua morte liderados por Brutus (James Mason) e Cícero (Alan Napier). O palco da guerra civil está armado.
Pablo Aluísio.
sábado, 10 de maio de 2025
Fogo Por Sobre a Inglaterra
Título Original: Fire Over England
Ano de Produção: 1937
País: Inglaterra
Estúdio: London Film Productions
Direção: William K. Howard
Roteiro: Clemence Dane
Elenco: Laurence Olivier, Flora Robson, Vivien Leigh, Raymond Massey, Leslie Banks, Tamara Desni
Sinopse:
Durante o reinado de Elizabeth I da Inglaterra uma série de conspirações rondam a rainha. Nobres ligados à sua irmã Mary, também filha de Henrique VIII, planejam destronar Elizabeth, colocando em seu lugar a católica e mais bem vista pela Espanha, Mary Stuart. Só que Elizabeth também está disposta a fazer de tudo para se manter no poder. Roteiro escrito baseado no romance histórico escrito por A.E.W. Mason.
Comentários:
O filme que fez Hollywood se interessar por Vivien Leigh foi o drama histórico "Fogo Por Sobre a Inglaterra", que se passava nos tempos do reinado da Rainha Elizabeth I. Vivien ficou extremamente bem no filme, com roupas de época. Ela ainda era bem jovem e sua imagem chamou a atenção dos grandes estúdios americanos. O fato desse filme inglês ser exibido nos cinemas dos Estados Unidos serviu como um cartão de visitas da atriz no outro lado do Atlântico. Esse filme também foi um marco na vida pessoal da atriz pois ela conheceu o ator Laurence Olivier com quem iria se casar futuramente. O fato de ambos serem atores, lutando pela carreira em Londres na pequena indústria cinematográfica local, acabou servindo de atração entre eles. O romance não demorou muito a acontecer, até porque Vivien se sentia bem solitária nos primeiros dias na capital britânica. Seus familiares e amigos ficaram no interior e em Londres ela precisou formar um novo círculo de amigo. Era uma nova vida que começava para ela.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 9 de maio de 2025
Vivien Leigh - Filmografia Completa - Parte 1
Eternamente imortalizada pelo filme "E O Vento Levou" a atriz Vivien Leigh teve uma produtiva carreira no cinema americano e também no cinema inglês. No total foram 21 filmes. Ela foi premiada com o Oscar duas vezes. A primeira por Scarlett em "E O Vento Levou" e a segunda por interpretar Blanche DuBois na versão cinematográfica da peça "Uma Rua Chamada Pecado". Segue abaixo a lista completa de seus filmes, separados por an1o de lançamento. O que mais chama a atenção é como ela conseguiu emplacar em Hollywood. Ao ser escalada para interpretar a protagonista de "E O Vento Levou" tudo mudou. E isso aconteceu de forma muito rápida! Impressionante como ela virou uma estrela do cinema em tão pouco tempo.
1935:
The Village Squire
Gentleman's Agreement
Things Are Looking Up
Look Up and Laugh
Esses foram seus primeiros filmes, todos feitos na Inglaterra. Não foram lançados no Brasil, por isso não possuem títulos nacionais.
1937:
Fogo Por Sobre a Inglaterra
Tempestade Num Copo D'Água
Após um ano parada, se dedicando aos estudos, a atriz voltou a filmar. Seus dois primeiros filmes chegaram ao Brasil.
1938:
Um Yankee em Oxford
As Calçadas De Londres
Dois bons filmes ingleses, ambos foram lançados no Brasil. Ela decide ir para os Estados Unidos depois que termina as duas produções. Almeja uma carreira em Hollywood.
1939:
...E o Vento Levou
O ano em que tudo mudou. Ela é escolhida para atuar em um dos mais populares filmes da história de Hollywood. A consagração é completa e ela leva o Oscar para casa, curiosamente em seu primeiro filme rodado nos Estados Unidos! Da noite para o dia ela se torna uma das atrizes mais conhecidas do mundo em uma das mais incríveis histórias de sucesso do cinema.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 8 de maio de 2025
Asas
Título Original: Wings
Ano de Produção: 1927
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: William A. Wellman
Roteiro: John Monk Saunders
Elenco: Clara Bow, Charles 'Buddy' Rogers, Richard Arlen, Gary Cooper
Sinopse:
Dois jovens norte-americanos se apaixonam pela mesma mulher ao mesmo tempo em que se tornam pilotos de aviões de guerra durante a sangrenta Primeira Grande Guerra Mundial. Filme premiado com o Oscar nas categorias de Melhor Filme e Melhores Efeitos Técnicos (Roy Pomeroy).
Comentários:
Esse filme entrou para a história do cinema por ter sido o primeiro filme a ser premiado com o Oscar de melhor filme do ano! Isso aconteceu há quase 100 anos! É um filme de aventura e romance. Nenhum dos atores principais hoje em dia são conhecidos. Entretanto há um jovem coadjuvante que iria se tornar um astro de Hollywood em sua era de ouro. Estou me referindo ao ator Gary Cooper que interpreta um piloto nesse filme, um personagem chamado Cadete White. Bastante jovem e já carismático, se destacou nas poucas cenas em que apareceu. No mais é um filme bem realizado, levando-se em consideração o estado primitivo do ponto de vista técnico pelo qual o cinema existia naquela época. As cenas de batalha aérea porém ainda conseguem manter o charme de um passado remoto. Enfim, um filme que vale a pena ser conhecido pelos cinéfilos por causa de sua importância histórica para a sétima arte.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 7 de maio de 2025
Amante do Seu Marido
Título Original: Ex-Lady
Ano de Produção: 1933
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Robert Florey
Roteiro: David Boehm, Edith Fitzgerald
Elenco: Bette Davis, Gene Raymond, Frank McHugh, Monroe Owsley, Claire Dodd
Sinopse:
Helen Bauer (Bette Davis) é uma artista bem sucedida que nem quer ouvir falar em casamento. Para ela o matrimônio, com papel passado na frente do juiz ou do padre, acaba matando o romance. Ela gosta do compositor Don Peterson (Gene Raymond) e sente que, um dia, quem sabe, pode vir até mesmo a se casar com ele. O que Helen não quer é pressão e nem pressa para subir ao altar, mas acaba mudando de ideia quando aparece uma concorrente, a bela e doce Peggy Smith (Kay Strozzi) que também está de olho em seu futuro marido!
Comentários:
Qualquer filme que seja estrelado pela grande diva do cinema clássico Bette Davis certamente valerá a pena! Esse aqui, por exemplo, não passa de uma espécie de comédia romântica, com roteiro que critica os costumes dos relacionamentos amorosos de sua época. Não há nada de muito relevante nele, pois é um filme para pura diversão. Isso porém não quer dizer que não tenha méritos. Um deles é explorar a figura de uma mulher independente e dona de si e seu destino em plenos anos 1930, onde ainda havia forte pressão no papel da mulher que deveria se casar e ter filhos. Bette interpreta uma mulher moderna, dos novos tempos, que não está muito preocupada com isso. Seu figurino, seus penteados e suas atitudes são pura Belle Époque! Um tempo em que se procurava por mudanças, para não existir mais tanta repressão moralista! Um momento em que as mulheres finalmente procuravam seguir por seus próprios caminhos. E isso não acontecia apenas nas telas, mas nos bastidores também. A atriz Bette Davis exigiu um salário melhor (ela ganhava menos do que o ator que tinha um papel secundário no filme!) e acabou assinando um contrato muito vantajoso com os estúdios da Warner. Davis, que nunca foi de fazer concessões, acabou assim abrindo um caminho importante em Hollywood para a valorização das mulheres dentro da indústria cinematográfica.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 6 de maio de 2025
Carlitos Bombeiro
Título Original: The Fireman
Ano de Produção: 1916
País: Estados Unidos
Estúdio: Mutual Film
Direção: Charles Chaplin
Roteiro: Charles Chaplin, Vincent Bryan
Elenco: Charles Chaplin, Edna Purviance, Lloyd Bacon, Eric Campbell, Leo White, James T. Kelley
Sinopse:
Carlitos (Charles Chaplin) arranja um novo emprego no corpo de bombeiros da cidade. Tudo começa bem calmo, mas logo se transforma em caos quando ele e seus companheiros precisam apagar um grande incêndio em uma casa. E quem poderia imaginar que ele iria encontrar o grande amor de sua vida nessa tragédia?
Comentários:
Depois do sucesso de seus primeiros filmes Chaplin finalmente pôde colocar em prática suas ideias de humor físico mais bem elaborado. Agora ele pedia ao estúdio não apenas um grande elenco de apoio, com coadjuvantes e extras, etc, mas também cenários muito bem elaborados. Para esse filme Chaplin pediu duas casas para incendiar, além de acesso sem restrições ao quartel do corpo de bombeiros de Los Angeles, dois pedidos que foram aceitos, não sem grande sacríficio. Os bombeiros adoravam Chaplin e não se recusaram a aparecerem no filme. Até porque foi necessário mesmo a presença deles por causa das casas pegando fogo - e de verdade! O filme é muito divertido, como era de se esperar. Com 24 minutos de duração, o que hoje em dia seria considerado um curta-metragem, foi também um dos últimos filmes de Chaplin em que ele investiu basicamente no humor físico, sem desenvolver muito os personagens, algo que em breve iria acontecer.
Pablo Aluísio.