quinta-feira, 6 de novembro de 2025

O Selvagem

O Selvagem
Se James Dean representava o jovem encucado e confuso em seus filmes, Marlon Brando em "O Selvagem" representou o outro lado da moeda, a do jovem que não se intimidava e junto aos amigos formava uma gangue de motocicletas para aterrorizar as pequenas cidades do meio oeste americano. O personagem dele nesse filme acabou gerando uma repercussão tão grande entre os jovens que espantou não só Brando como os próprios produtores do filme. Embora esse tipo de grupo fosse bastante comum em poucos lugares da Califórnia, após o filme ser exibido as gangues proliferaram por todo o país em um ritmo assombroso. A influência chegou até no Brasil quando também foram formados grupos como o do filme. De repente andar de moto em couro preto virou moda da noite para o dia. Algumas alterações de última hora acabaram irritando o ator, inclusive a inserção de um tedioso aviso advertindo aos jovens dos perigos de se envolver com tais grupos. 

Na realidade os produtores sofreram pressão por grupos conservadores e no meio do clima paranóico que existia na década de 1950 resolveram colocar a advertência fora de propósito. Marlon achou aquilo de uma caretice sem tamanho. Ele adorava motos e desde seus primeiros dias em Nova Iorque adotou o veículo como o seu preferido, conhecia vários motoqueiros e achava o cúmulo da moralidade e estupidez associar motos imediatamente à deliquência juvenil. Isso não adiantou muito. Assim que o filme foi lançado Brando logo foi acusado de incentivador da delinquência juvenil, de servir de mal exemplo para os jovens americanos. Em sua autobiografia o ator dedicou alguns capítulos ao filme. Na realidade ele nem mesmo achou o filme grande coisa, o considerou curto demais, violento e sem muito propósito, mas se confessava totalmente surpreso com toda a repercussão que "O Selvagem" alcançou dentro da cultura pop nos anos seguintes. 

O fato é que sua imagem de "motoqueiro de jaqueta negra" invadiu o inconsciente coletivo e ainda hoje é marca registrada de qualquer jovem "rebelde" que se preze. Até mesmo o jovem aspirante a ator, James Dean, apareceu na frente de Brando completamente vestido de seu personagem nesse filme. Marlon obviamente ficou espantado pois compreendeu que Dean realmente associava o personagem do motoqueiro com o próprio estilo de vida dele, o que era uma grande bobagem pois Marlon nunca fez parte de gangue nenhuma durante toda a sua vida. Dean queria encontrar uma forma de identificação com seu maior ídolo e por isso se vestiu de Johnny, o motoqueiro, ao se encontrar com Marlon. Brando não gostou muito e o dispensou discretamente. Ao longo dos anos Brando se veria perseguido por essa imagem, jamais conseguindo se livrar dela. Ele deveria ter entendido que algumas imagens ganham vida própria e sobrevivem a tudo, até mesmo ao tempo. Brando em sua moto aterrorizando uma cidadezinha qualquer perdida dos EUA é uma dessas imagens que ficaram cravadas para sempre na mente dos cinéfilos. "O Selvagem" é realmente um filme apenas mediano mas como produto pop jamais poderá ser subestimado. É um marco absoluto dos chamados "anos dourados". Simplesmente definitivo.

O Selvagem (The Wild One, Estados Unidos, 1953) Direção. Laslo Benedek / Roteiro: John Paxton, Frank Rooney / Elenco: Marlon Brando, Mary Murphy, Robert Keith / Sinopse: Johnny (Marlon Brando) chega numa pacata cidadezinha com sua gangue de motoqueiros de couro preto. Na localidade conhece a linda Kathie (Mary Murphy) com quem simpatiza ao mesmo tempo em que tem que lidar com um grupo rival de rebeldes motorizados.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 3 de novembro de 2025

Hollywood Boulevard - Marlon Brando - Parte 2

Em 1953 Marlon Brando entrou no set de seu novo filme, "The Wild One" que no Brasil seria intitulado "O Selvagem". Brando, já naquela altura considerado o maior rebelde de Hollywood, iria interpretar o papel de um jovem motoqueiro chamado Johnny Strabler. A direção seria do cineasta húngaro Laslo Benedek que havia dirigido a adaptação para o cinema do clássico da literatura "A Morte do Caixeiro Viajante" dois anos antes. Inicialmente Brando não viu grande coisa no roteiro. Para ele seria um filme apenas para cumprir contrato com o produtor Stanley Kramer. Como era um filme pequeno, de curta duração e com enredo simples, não haveria muito trabalho à vista.

Nada que poderia se comparar com os filmes anteriores do ator, verdadeiras obras primas como "Espíritos Indômitos", "Uma Rua Chamada Pecado", "Viva Zapata!" e principalmente "Júlio César" que havia exigido muito dele em termos de atuação. Afinal de contas Brando havia suado a camisa para se sair bem em seus primeiros filmes, em especial o último, uma complicada adaptação para o cinema da famosa peça escrita por William Shakespeare, sob direção do austero Joseph L. Mankiewicz. Assim interpretar Johnny era quase como um passeio no parque. Além do mais Brando adorava motos e o universo que as cercava, então foi mesmo a união de algo que gostava de fazer em sua vida pessoal com a possibilidade de dar um tempo nos filmes mais sérios e desafiadores.

Para sua surpresa porém o filme virou um dos maiores cult movies da história. Inicialmente Brando não gostou da película. Como ele próprio recordou em suas memórias a primeira vez que assistiu a "O Selvagem", logo após sua estreia nos cinemas, não gostou mesmo do que viu. Achou o filme violento e sem conteúdo. Curiosamente a fita acabou virando o estopim de uma série de revoluções comportamentais ocorridas na juventude americana nos anos 1950, desembocando na revolução cultural que iria estourar nos anos 1960. Para Brando foi tudo uma grande surpresa. Ele não tinha consciência na época que havia todo um sentimento reprimido por parte dos jovens e que seu filme seria usado para aprofundar todos esses anseios. Johnny, na visão de Brando, era apenas mais um personagem a interpretar. A juventude da época porém viu de outro modo. Aquele motoqueiro, vestido de couro preto da cabeça aos pés, era a personificação da liberdade. O roteiro dava a ele uma conotação ruim, algo que não poderia ser usado como modelo, mas como um aviso contra a delinquência juvenil. Para reforçar isso o estúdio colocou um texto avisando sobre os males de se seguir o exemplo dos personagens. Brando percebeu que o tiro sairia pela culatra. A juventude em geral ignorou a mensagem moralista quadrada e obsoleta e abraçou o personagem como um ícone, um mito, um exemplo a seguir. Para Brando não poderia ser melhor e ele foi elevado à altura de símbolo máximo entre os jovens da época.

Realmente, do ponto de vista puramente cinematográfico "O Selvagem" não pode ser comparado aos demais clássicos que Brando rodou por essa época em sua carreira. Já do ponto de vista meramente cultural e sociológico é de fato um dos mais marcantes momentos de sua carreira no cinema. Isso porque o filme não pode ser visto apenas sob a ótica do que se vê na tela, e sim muito mais além disso, pois teve enorme influência dentro da sociedade, principalmente entre os jovens, que viram ali um modelo de liberdade incrível. Numa época em que havia grande repressão e os controles morais eram extremos, ver Johnny atravessando a América de moto, sem dar satisfações a ninguém, e vivendo com um grupo de rebeldes como ele, era de fato um impacto para o jovem americano típico dos anos 1950. Depois que Brando surgiu com aquela imagem ícone, nasceu toda uma cultura jovem no país, até porque a juventude de um modo em geral era completamente ignorada dentro da sociedade até então, sendo considerada apenas uma transição entre a infância e a vida adulta. Depois de Brando vieram James Dean - o maior símbolo de juventude que o cinema jamais produziu - o Rock ´n´ Roll, Elvis Presley e toda a iconografia da cultura jovem que conhecemos hoje em dia.

Para Brando o filme passou logo, mas os efeitos dele se tornaram duradouros. Assim que terminou as filmagens da fita ele foi procurado novamente por Elia Kazan. Ele o convidou para participar do filme "On the Waterfront" (no Brasil, "Sindicato de Ladrões"). Assim que leu o roteiro Brando entendeu do que se tratava. Era uma grande metáfora em forma de película, que justificava de certa forma o comportamento do próprio Kazan durante o Macartismo, onde ele havia dedurado vários colegas de profissão. Depois disso a biografia do cineasta havia sido manchada para sempre. Ele tencionava com o filme resgatar parte de seu prestígio dentro da comunidade cinematográfica, ao mesmo tempo em que justificava seu ato e pedia desculpas pelo que fez. No começo Brando relutou em fazer o filme. Desde sempre ele se considerava um liberal e o que Kazan havia feito era realmente algo desprezível. A vontade porém de realizar mais uma obra prima foi maior do que seus escrúpulos pessoais. Assim, ainda vestido de Johnny, ele se encontrou nos corredores da MGM e assinou o contrato com Kazan. Mal sabia que estaria prestes a realizar um dos maiores filmes de toda a sua carreira.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Moscou Contra 007

Moscou Contra 007
Provavelmente seja o melhor filme de James Bond com Sean Connery. Tudo parece se encaixar muito bem em uma trama excelente em ótima adaptação do texto de Ian Fleming. Na estória Bond acaba ficando na incomoda posição de marionete da organização Spectre. Acontece que o grupo criminoso internacional deseja colocar as mãos em uma máquina decifradora de códigos secretos (algo considerado vital no mundo da espionagem durante a guerra fria).

Fazendo-se passar por uma autoridade do serviço secreto russo uma agente da Spectre convence uma espiã russa a roubar o objeto do consulado soviético em Istambul. Ao mesmo tempo engana o serviço secreto inglês que manda Bond numa missão especial na milenar cidade para também colocar as mãos na decodificadora. A agente soviética se faz passar por traidora e promete entregar a cobiçada máquina nas mãos do agente inglês. Só que no final quem planeja mesmo tomar posse dela é a própria Spectre que deseja ainda em uma só tacada eliminar o famoso agente britânico como ato de vingança pela morte do Dr. No. Por essa razão também é recomendável que o espectador assista ao filme anterior, para que todas as peças fiquem bem encaixadas.

Para os fãs de James Bond o filme é um prato cheio. Tem bom roteiro, excelente cenas de ação e uma bondgirl belíssima – a atriz Daniela Bianchi interpretando a agente russa Tatiana Romanova. Sean Connery também está empenhado em trabalhar bem seu papel, sempre concentrado e envolvido, algo que se perderia no passar dos anos pois Connery logo deixaria de ter o interesse em interpretar 007, indo atrás de outros desafios em sua carreira. Durante o filme o espectador ainda é presenteado com ótimas cenas filmadas dentro da famosa Basílica de Santa Sofia em Istambul, monumento erguido pelo imperador romano Justiniano em honra à glória do império Bizantino.

Há ainda belas cenas rodadas em Veneza e no leste europeu. Na trama o escritor Ian Fleming presta também uma singela e pequena homenagem à autora Agatha Christie ao ter parte da trama passada dentro do famoso Expresso do Oriente. Em suma, belo filme da franquia do mais famoso agente inglês do cinema. Um exemplo perfeito de tudo o que não pode faltar em uma película com 007: ação, espionagem, lindas mulheres e cenários de cartão postal. “Moscou contra 007” é de fato um James Bond com pedigree.

Moscou Contra 007 (From Russia with Love, Inglaterra, 1963) Direção: Terence Young / Roteiro: Richard Maibaum, Johanna Harwood, baseados no livro de Ian Fleming / Elenco: Sean Connery, Daniela Bianchi, Lotte Lenya / Sinopse: O espião inglês James Bond (Sean Connery) se vê envolvido numa complicada rede de espionagem envolvendo agentes russos e a Spectre, onde o objetivo final é colocar as mãos em uma cobiçada máquina de decodificação de códigos do serviço secreto soviético.

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 27 de outubro de 2025

As Cartas de Grace Kelly - Parte 3

O tio de Grace Kelly, o ator George Kelly, foi o grande incentivador em sua vida para se tornar uma atriz. Ele era o membro excêntrico da aristocrática família Kelly, sempre se tornando o assunto principal nos jantares familiares refinados dos parentes. Era considerado um sonhador com alma de poeta. Os familiares de Grace eram todos grandes profissionais, médicos, advogados, engenheiros de sucesso. Ter um ator no meio de toda aquela gente era realmente uma excentricidade. Todos se perguntavam quem iria herdar a vocação artística de George. Imagine a surpresa dos pais de Grace quando descobriram que a própria filha era a herdeira artística de George Kelly.

Assim que terminou o colegial, Grace decidiu que queria ser atriz. Conversando com seu tio esse lhe aconselhou a ir morar em Nova Iorque onde havia as melhores escolas de teatro, além de um mercado promissor para jovens atores e atrizes. Havia a Broadway, a Off-Broadway e inúmeros teatros independentes espalhados pela cidade. Além disso Grace poderia estudar com os melhores professores de arte dramática do país (e do mundo). Assim, com apenas 19 anos de idade, ela arrumou as malas e foi embora. Seus pais ficaram desconcertados com sua decisão, mas resolveram apoiar na última hora. O tio George deu todos os conselhos para Grace. Ela deveria estudar para ser atriz, mas também deveria procurar por algum trabalho para se sustentar na cidade. Enquanto os papéis não aparecessem, seria bom procurar algo para sobreviver.

Embora fosse filha de uma rica e tradicional família da Pennsylvania, Grace topou o desafio de tentar sobreviver em Nova Iorque com seus próprios esforços. Ela passou a dividir um pequeno apartamento com outras jovens garotas e começou a procurar por trabalho na cidade. Com 1.75m de altura, corpo esbelto, loira e beleza natural, ela começou a visitar agências de modelo. Não demorou muito e seu jeito aristocrático de ser logo chamou a atenção de estilistas que a contrataram. Grace começou a trabalhar como modelo em desfiles e sessões fotográficas. O salário era muito bom e os horários de trabalho eram flexíveis, o que abria margem para ela frequentar o curso de teatro a cinco quadras de seu apartamento.

Anos depois Grace relembraria que em certo momento poderia ter decidido a se tornar apenas modelo em Nova Iorque. Ela conseguia contratos facilmente e ganhava bem. Em algumas sessões para revistas de moda ela chegava a ganhar sete vezes mais do que uma atriz na Broadway. Ser modelo para ela porém era apenas um modo de ganhar a vida. O que ela desejava mesmo era se tornar atriz. Por isso topou o desafio de também fazer inúmeros testes, quase sempre levando um "não" para casa. A sorte mudou quando conseguiu seu primeiro papel em uma peça chamada "O Pai". Ela seria encenada em um dos mais belos e bem frequentados teatros de Nova Iorque. Era um grande passo estar no elenco. Para sua felicidade a peça foi muito bem de crítica e público. Embora bem jovem ainda Grace recebeu uma linha de elogio na crítica que foi publicada no New York Times. Isso poderia fazer toda a diferença do mundo, pois poderia lhe trazer convites para atuar em outras peças teatrais. Dito e feito. Após nove semanas em cartaz Grace começou a ser procurada por produtores. Sua carreira de atriz, pelo jeito, estava começando a decolar.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 21 de outubro de 2025

Rock e Marilyn - Um Encontro Impossível

Rock e Marilyn - Um Encontro Impossível
Era 1952, o auge dourado de Hollywood. As colunas sociais viviam de rumores, e cada estrela parecia uma constelação intocável. Rock Hudson, com seu sorriso impecável e porte de galã, era o novo queridinho dos estúdios. Recém-saído de papéis menores, começava a ganhar destaque e já despertava a curiosidade de jornalistas e fãs. Naquele ano, durante uma festa promovida pela Universal, ele conheceu Marilyn Maxwell — loira, charmosa, espirituosa, com uma risada que parecia iluminar o salão inteiro.

Marilyn estava fascinada. Rock era diferente dos homens com quem convivia em Hollywood — havia nele uma elegância discreta, uma gentileza rara. Dançaram juntos, trocaram olhares e conversaram por horas sobre cinema, música e viagens. Ao final da noite, ela confessou a uma amiga que se sentia encantada por aquele “homem de olhos tristes”. Para ela, parecia o início de uma história romântica digna das telas.

Rock, por outro lado, também se sentiu atraído — não por desejo, mas por afinidade. Marilyn o fazia rir, e ele apreciava sua companhia. No entanto, por trás do sorriso, havia uma tensão invisível. Rock vivia um segredo que o consumia. Era gay num tempo em que isso significava o fim de qualquer carreira. A indústria que o aplaudia era a mesma que o destruiria se a verdade viesse à tona.

Nos dias seguintes, Marilyn o convidou para sair várias vezes. Foram vistos em jantares, estreias e eventos. As revistas logo começaram a especular um romance, o que, para o estúdio, era uma bênção. Os publicitários de Rock incentivaram a relação, dizendo que “fazia bem à imagem dele”. E ele, embora desconfortável, cedeu — sorria para as câmeras, abraçava Marilyn em público e fingia estar apaixonado.

Mas havia momentos em que o jogo o machucava. Marilyn, sincera em seus sentimentos, tentava se aproximar mais, entender aquele homem reservado. Rock, educado e doce, desviava com elegância. Dizia estar “focado no trabalho”, ou “com a cabeça cheia”. Ela não compreendia. Às vezes, notava uma melancolia profunda em seus olhos — um silêncio que não combinava com o galã das telas.

Certa noite, depois de um jantar no Beverly Hills Hotel, Marilyn tentou beijá-lo. Rock recuou, disfarçando com um sorriso. Disse algo vago sobre “não querer estragar a amizade”. Ela ficou confusa, ferida. No dia seguinte, contou a uma colega que talvez Rock fosse apenas tímido, ou quem sabe apaixonado por outra mulher. Nunca imaginaria o verdadeiro motivo.

A amizade entre os dois esfriou aos poucos. Rock continuou sua ascensão meteórica, enquanto Marilyn seguiu sua carreira, levando consigo uma ponta de desilusão. Ele, por sua vez, guardou aquele episódio como mais uma lembrança da vida que não podia viver. O preço da fama era a mentira; o disfarce, sua prisão.

Anos depois, em entrevistas, Rock recordaria com carinho daquela época — sem mencionar nomes, sem confessar segredos. Apenas dizia que “a fama o obrigou a representar também fora das telas”. Talvez, em silêncio, lembrasse da mulher que quis amá-lo, e da verdade que nunca pôde dizer. Entre eles ficou o que Hollywood mais sabia produzir: uma bela história impossível.

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 17 de outubro de 2025

Gregory Peck - Biografia

Gregory Peck

Biografia
Eldred Gregory Peck nasceu em 5 de abril de 1916, em La Jolla, Califórnia (EUA). Filho de um farmacêutico, estudou na Universidade da Califórnia em Berkeley, onde começou a se interessar pelo teatro. Após se formar, mudou-se para Nova York e estudou na prestigiada Neighborhood Playhouse. Sua postura elegante, voz grave e presença imponente chamaram atenção rapidamente, levando-o a estrear na Broadway antes de conquistar Hollywood.

Estréia no cinema – Primeiros filmes
Gregory Peck estreou no cinema em Dias de Glória (Days of Glory, 1944), interpretando um guerrilheiro russo durante a Segunda Guerra Mundial. No mesmo ano, ganhou destaque em As Chaves do Reino (The Keys of the Kingdom, 1944), papel que lhe rendeu sua primeira indicação ao Oscar e o transformou em uma das grandes promessas do cinema americano.

Auge e sucesso em Hollywood
Durante os anos 1940 e 1950, Gregory Peck consolidou-se como um dos maiores astros de Hollywood. Conhecido por seu talento, integridade e carisma, especializou-se em papéis de homens éticos, corajosos e justos — imagem que refletia também sua personalidade fora das telas. Trabalhou com grandes diretores como Alfred Hitchcock, William Wyler e Henry King, tornando-se um dos atores mais respeitados de sua geração.

Principais filmes da carreira

  • As Chaves do Reino (The Keys of the Kingdom, 1944)

  • Quando Fala o Coração (Spellbound, 1945)

  • O Bom Pastor (The Yearling, 1946)

  • O Sol É para Todos (To Kill a Mockingbird, 1962)

  • O Segredo das Jóias (Gentleman’s Agreement, 1947)

  • O Mar é Nosso Túmulo (Twelve O’Clock High, 1949)

  • A Princesa e o Plebeu (Roman Holiday, 1953)

  • Os Canhões de Navarone (The Guns of Navarone, 1961)

  • O Ouro de Mackenna (Mackenna’s Gold, 1969)

  • A Profecia (The Omen, 1976)

Últimos filmes
Nos anos 1970 e 1980, Peck reduziu o ritmo, mas continuou atuando em produções importantes, como A Profecia (The Omen, 1976) e Os Meninos do Brasil (The Boys from Brazil, 1978). Seu último papel no cinema foi em Old Gringo (1989), ao lado de Jane Fonda. Nos anos 1990, fez aparições em minisséries e programas de TV.

Filmes de grande sucesso estrelados por Gregory Peck

  • O Sol É para Todos (To Kill a Mockingbird, 1962)

  • A Princesa e o Plebeu (Roman Holiday, 1953)

  • Os Canhões de Navarone (The Guns of Navarone, 1961)

  • O Segredo das Jóias (Gentleman’s Agreement, 1947)

  • O Mar é Nosso Túmulo (Twelve O’Clock High, 1949)

  • Quando Fala o Coração (Spellbound, 1945)

  • O Ouro de Mackenna (Mackenna’s Gold, 1969)

  • A Profecia (The Omen, 1976)

  • Os Meninos do Brasil (The Boys from Brazil, 1978)

Vida Pessoal
Gregory Peck casou-se duas vezes. Seu primeiro casamento foi com Greta Kukkonen, de 1942 a 1955, com quem teve três filhos. Em 1955, casou-se com a jornalista francesa Véronique Passani, com quem teve mais dois filhos e viveu até o fim da vida.
Peck era conhecido por seu engajamento em causas humanitárias e políticas. Defensor dos direitos civis e da justiça social, apoiou movimentos pela igualdade racial e campanhas humanitárias da ONU. Sua imagem pública de integridade refletia fortemente os valores que representava em seus papéis.

Morte
Gregory Peck faleceu em 12 de junho de 2003, em sua casa em Los Angeles, Califórnia, aos 87 anos, em decorrência de complicações broncopulmonares. Foi sepultado no Cemitério de Cathedral of Our Lady of the Angels. Sua morte foi amplamente noticiada, e o mundo do cinema prestou homenagens a um dos últimos grandes ícones da era clássica de Hollywood.

Prêmios e Reconhecimentos

  • Oscar de Melhor Ator por O Sol É para Todos (1962)

  • Oscar Honorário (1968) pela contribuição ao cinema e à arte dramática

  • Globo de Ouro de Melhor Ator por O Sol É para Todos (1962) e A Profecia (1976)

  • Medalha Presidencial da Liberdade (1969), uma das maiores honrarias dos EUA

  • AFI Life Achievement Award (1989), prêmio pelo conjunto da carreira

  • Estrela na Calçada da Fama de Hollywood

  • Várias indicações ao BAFTA e homenagens em festivais internacionais

Legado
Gregory Peck é considerado um dos maiores atores da história do cinema americano. Sua atuação como Atticus Finch em O Sol É para Todos é constantemente eleita uma das mais admiráveis da sétima arte, símbolo de integridade moral e empatia.
Representou o arquétipo do homem honesto e ético — um herói realista e humano. Além disso, foi uma figura importante fora das telas, atuando como ativista político e humanitário.
Sua influência se estende por gerações: atores como Denzel Washington, George Clooney e Tom Hanks citaram Peck como referência. O próprio American Film Institute o colocou entre os 25 maiores astros do cinema de todos os tempos.

quinta-feira, 16 de outubro de 2025

...E O Vento Levou

...E O Vento Levou
Depois de quatro horas de filme, a sensação é de puro êxtase. Não há um mortal sequer que consiga ficar indiferente ao filme mais famoso e popular de Hollywood. Baseado no romance homônimo de Margareth Mitchel e vencedor do Prêmio Pulitzer de 1937,  "... E o Vento Levou" (Gone With The Wind - 1939) é daqueles filmes onde tudo funciona, tudo se encaixa perfeitamente e o time de atores, juntamente com os diretores, produtor e roteirista, forma uma espécie de mosaico que beira à perfeição. O longa é ambientado no início da Guerra da Secessão (1861-1865) e conta a vida de Gerald O'Hara um imigrante irlandês que fez fortuna e vive em sua mansão,Tara, na Georgia, sul dos EUA, junto com sua filha adolescente, Scarlett O'Hara (Vivien Leight).

A jovem Scarlett nutre uma paixão crônica e doentia por Ashley Wilkes. Porém o que ela não sabe é que Wilkes está de casamento marcado com a sua própria prima. Em meio a um verdadeiro redemoinho de paixões, mágoas e ressentimentos que coincidem com o início da guerra, surge o indefectível Rhett Buttler (Clark Gable), um espertalhão que diante do conflito, não toma partido para nenhum lado. Na verdade Rhett é um misto de mulherengo, cínico e mau-caráter que mantém sem muito esforço, correndo em suas veias, muito humor, além de doses generosas de testosterona.

O clássico tem cenas inesquecíveis como o grandioso incêndio que torra a cidade de Atlanta, facilitando a invasão dos Ianques do norte e levando os Confederados e escravocratas sulistas ao desespero. Destaque também para a trilha sonora de acordes celestiais assinada por Max Steiner. A música, derrete, como fogo de maçarico, os corações humanos mais duros. Mas a estrela do grande épico é a espevitada Scarlett O'Hara, papel que caiu no colo de  uma inglesinha, nascida na Índia, chamada Vivian Leigh. A excepcional atriz - que doze anos mais tarde brilharia junto com Marlon Brando no clássico "Uma Rua Chamada Pecado" (1951) - disputou de forma incansável a concorrida vaga para o papel de Scarlett O'Hara com gente não menos ilustre como: Katharine Hepburn, Bette Davis e Lana Turner. A disputa foi tão acirrada que Vivien só conseguiu a vaga quando as filmagens já haviam começado. Vivien foi uma escolha pessoal do todo poderoso produtor David Selznick e brilhou intensamente na pele de uma Scarlett O' Hara  histriônica e mimada.

Outro destaque fica por conta de Clark Gable, que aqui vive seu personagem mais famoso (Rhett Butler). Na verdade a primeira escolha para viver Rhett recaiu sobre Errol Flynn que era um desejo pessoal do produtor David O' Selznick. Mas diante da negativa da Warner em liberar Flynn e de um pedido pessoal de Carole Lombard - que era esposa de Gable e amiga pessoal de Selznick - Clark , finalmente foi o escolhido. Reza a lenda que Clark relutou muito em aceitar o famoso papel, já que estava com 38 anos e não queria encarnar nas telas um sujeito malandro e conquistador de uma adolescente. Outra maravilha fica por conta da fotografia em Technicolor da dupla Ernest Haller e Ray Rennahan que além de representar uma revolução para a época, hipnotizou as plateias de todo o mundo. O clássico teve treze indicações ao Oscar, mas levou "apenas" dez. Um filme realmente extraordinário.

... E O Vento Levou (Gone with the Wind, EUA, 1939) Direção: Victor Fleming / Roteiro: Sidney Howard baseado na novela de Margaret Mitchell / Elenco: Clark Gable, Vivien Leigh, Olivia de Havilland, Thomas Mitchell, George Reeves / Sinopse: As paixões, lutas e glórias de uma família americana durante os terríveis anos da Guerra Civil.

Telmo Vilela Jr.

quarta-feira, 15 de outubro de 2025

Vivien Leigh - Biografia

Vivien Leigh

Biografia
Vivien Leigh nasceu em 5 de novembro de 1913, em Darjeeling, na Índia Britânica, com o nome de Vivian Mary Hartley. Filha de pais ingleses, passou parte da infância entre a Índia e a Europa, estudando em internatos na Inglaterra e na França. Desde jovem demonstrou grande interesse pelas artes cênicas e decidiu seguir a carreira de atriz após estudar na Royal Academy of Dramatic Art (RADA), em Londres. Sua beleza delicada e talento dramático logo a destacaram nos palcos britânicos.

Estréia no cinema – Primeiros filmes
Vivien estreou no cinema em The Village Squire (1935), um pequeno papel. No mesmo ano, casou-se com o advogado Herbert Leigh Holman e adotou seu sobrenome artístico. Sua primeira atuação de destaque foi em Fire Over England (1937), onde contracenou com Laurence Olivier, com quem viveria um célebre romance.

Auge e sucesso em Hollywood
O auge de Vivien Leigh chegou em 1939, quando venceu uma disputa acirrada e foi escolhida para interpretar Scarlett O’Hara em ...E o Vento Levou (Gone with the Wind). Sua atuação tornou-se lendária e lhe rendeu o Oscar de Melhor Atriz, consagrando-a mundialmente.
Nos anos 1940 e 1950, alternou trabalhos entre Hollywood e o teatro britânico, frequentemente ao lado de Laurence Olivier. Em 1951, brilhou novamente em Uma Rua Chamada Pecado (A Streetcar Named Desire), pelo qual ganhou seu segundo Oscar de Melhor Atriz, consolidando-se como uma das maiores atrizes de sua geração.

Principais filmes da carreira

  • ...E o Vento Levou (Gone with the Wind, 1939)

  • Uma Rua Chamada Pecado (A Streetcar Named Desire, 1951)

  • Fogo sobre a Inglaterra (Fire Over England, 1937)

  • Tempestades d’Alma (Waterloo Bridge, 1940)

  • César e Cleópatra (Caesar and Cleopatra, 1945)

  • Anna Karenina (Anna Karenina, 1948)

  • O Caminho das Estrelas (Ship of Fools, 1965)

  • O Fim de uma Aventura (That Hamilton Woman, 1941)

Últimos filmes
Nos anos 1960, apesar de sua saúde debilitada, Vivien continuou atuando. Seu último filme foi O Caminho das Estrelas (Ship of Fools, 1965), que lhe trouxe elogios da crítica e demonstrou que seu talento permanecia intacto.

Filmes de grande sucesso estrelados por Vivien Leigh

  • ...E o Vento Levou (Gone with the Wind, 1939)

  • Uma Rua Chamada Pecado (A Streetcar Named Desire, 1951)

  • Tempestades d’Alma (Waterloo Bridge, 1940)

  • O Fim de uma Aventura (That Hamilton Woman, 1941)

  • César e Cleópatra (Caesar and Cleopatra, 1945)

  • Anna Karenina (Anna Karenina, 1948)

  • O Caminho das Estrelas (Ship of Fools, 1965)

Vida Pessoal
Vivien Leigh teve uma vida pessoal marcada por paixões intensas e problemas de saúde. Casou-se pela primeira vez em 1932 com Herbert Leigh Holman, com quem teve uma filha, Suzanne. Durante as filmagens de Fire Over England (1937), apaixonou-se por Laurence Olivier, com quem viveu um romance público e turbulento, casando-se em 1940.
Vivien sofria de transtorno bipolar (à época chamado de “instabilidade nervosa”), o que afetou profundamente sua vida pessoal e profissional. Sua saúde física também se deteriorou por causa de repetidos episódios de tuberculose. Após o divórcio de Olivier, manteve um relacionamento com o ator Jack Merivale, que a acompanhou até o fim da vida.

Morte
Vivien Leigh faleceu em 8 de julho de 1967, aos 53 anos, em Londres, devido a complicações de uma tuberculose crônica. Sua morte causou grande comoção no mundo do teatro e do cinema. No dia seguinte, os teatros do West End londrino apagaram suas luzes em sua homenagem.

Prêmios e Reconhecimentos

  • Oscar de Melhor Atriz por ...E o Vento Levou (1939)

  • Oscar de Melhor Atriz por Uma Rua Chamada Pecado (1951)

  • BAFTA de Melhor Atriz Britânica por Uma Rua Chamada Pecado (1952)

  • Prêmio Tony por sua atuação teatral em Tovarich (1963)

  • Nomeada uma das maiores estrelas do cinema clássico pelo American Film Institute (AFI)

  • Estrela na Calçada da Fama de Hollywood

Legado
Vivien Leigh é considerada uma das maiores atrizes da história do cinema e do teatro. Sua capacidade de expressar vulnerabilidade e força simultaneamente marcou uma geração. Sua interpretação como Scarlett O’Hara continua sendo uma das mais icônicas do cinema mundial.
Leigh também é lembrada como símbolo de elegância, talento e tragédia — uma artista brilhante cuja vida foi marcada por intensas batalhas pessoais. Sua carreira influenciou atrizes posteriores como Elizabeth Taylor, Meryl Streep e Cate Blanchett. Mesmo décadas após sua morte, seu nome permanece sinônimo de arte, beleza e intensidade dramática.

terça-feira, 14 de outubro de 2025

As Aventuras de Robin Hood

Título no Brasil: As Aventuras de Robin Hood
Título Original: The Adventures of Robin Hood
Ano de Lançamento: 1938
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Michael Curtiz, William Keighley
Roteiro: Norman Reilly Raine, Seton I. Miller
Elenco: Errol Flynn, Olivia de Havilland, Basil Rathbone, Claude Rains, Patric Knowles, Eugene Pallette

Sinopse:
Adaptação para o cinema da lenda de Robin Wood. Um ladrão e bandoleiro medieval que roubava dos ricos para dar aos pobres nas florestas da Inglaterra. E por essa razão, acabou sendo amado pelo povo que vivia oprimido pelas autoridades opressivas daqueles tempos difíceis. 

Comentários:
Ainda hoje, esse filme é considerado uma das melhores aventuras produzidas na história de Hollywood. Realmente é um filme tecnicamente perfeito. Mesmo após tantos anos de seu lançamento original. Foi um grande sucesso de bilheteria e de crítica, alcançando números comerciais espantosos para a época. Acabou se tornando o maior sucesso da história da carreira do ator Errol Flynn, que naqueles anos era o nome mais popular da indústria cinematográfica norte-americana. E isso foi, de certa forma, uma surpresa, porque a produção do filme foi conturbada. O orçamento estourou e o filme acabou custando o dobro do que era previsto pela Warner. Houve problemas de relacionamento entre o astro e o diretor. Errol Flynn resolveu seduzir a mulher de Michael Curtiz nas filmagens. Mesmo com tantos problemas, o filme superou tudo e hoje é considerado um grande marco da história do cinema. Criou várias situações narrativas que até atualmente são incorporadas e copiadas aos filmes desse gênero cinematográfico. Venceu a barreira do tempo e é considerado um grande entretenimento.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Errol Flynn - Biografia

Errol Flynn

Biografia
Errol Leslie Thomson Flynn nasceu em 20 de junho de 1909, em Hobart, Tasmânia, Austrália. Filho de um professor universitário e de uma mãe com espírito aventureiro, cresceu entre o mar e a natureza, desenvolvendo um gosto precoce pela aventura e pelo risco. Antes de se tornar ator, teve uma vida agitada: foi marinheiro, boxeador amador e até caçador de pérolas. Essa vivência aventureira acabaria moldando sua imagem cinematográfica.

Estréia no cinema – Primeiros filmes
Flynn começou sua carreira no cinema de maneira quase acidental. Após atuar em peças de teatro na Inglaterra, foi descoberto pela Warner Bros., que o levou para Hollywood em 1934. Seu primeiro grande papel foi em O Capitão Blood (Captain Blood, 1935), ao lado de Olivia de Havilland. O filme foi um enorme sucesso e transformou Flynn em astro instantâneo.

Auge e sucesso em Hollywood
Entre meados da década de 1930 e o início dos anos 1940, Errol Flynn se tornou o símbolo máximo do herói romântico e do aventureiro galante. Com sua beleza, carisma e talento para cenas de ação, foi o grande astro dos filmes de capa e espada. Tornou-se um dos nomes mais populares do estúdio Warner Bros., especialmente em parceria com Olivia de Havilland, com quem formou um dos casais mais icônicos do cinema clássico.

Principais filmes da carreira

  • O Capitão Blood (Captain Blood, 1935)

  • As Aventuras de Robin Hood (The Adventures of Robin Hood, 1938)

  • Cargas do Destino (They Died with Their Boots On, 1941)

  • A Estrada de Santa Fé (Santa Fe Trail, 1940)

  • A Carga da Brigada Ligeira (The Charge of the Light Brigade, 1936)

  • O Gavião do Mar (The Sea Hawk, 1940)

  • Intriga Internacional (Edge of Darkness, 1943)

  • O Príncipe e o Pirata (Against All Flags, 1952)

  • O Sol Também se Levanta (The Sun Also Rises, 1957)

  • Camaradas em Armas (Objective, Burma!, 1945)

Últimos filmes
Nos anos 1950, o brilho de Flynn começou a diminuir devido a problemas pessoais e à mudança no gosto do público. Ainda assim, participou de bons filmes, como O Sol Também se Levanta (The Sun Also Rises, 1957) e Um Retrato de Genevieve (The Roots of Heaven, 1958). Seu último trabalho foi em Cuban Rebel Girls (1959), no qual também narrou a história.

Filmes de grande sucesso estrelados por Errol Flynn

  • O Capitão Blood (Captain Blood, 1935)

  • A Carga da Brigada Ligeira (The Charge of the Light Brigade, 1936)

  • As Aventuras de Robin Hood (The Adventures of Robin Hood, 1938)

  • O Gavião do Mar (The Sea Hawk, 1940)

  • A Estrada de Santa Fé (Santa Fe Trail, 1940)

  • Camaradas em Armas (Objective, Burma!, 1945)

  • Cargas do Destino (They Died with Their Boots On, 1941)

  • O Sol Também se Levanta (The Sun Also Rises, 1957)

Vida Pessoal
Errol Flynn viveu de forma intensa e controversa. Casou-se três vezes: com a atriz Lili Damita (com quem teve um filho, Sean Flynn), com Nora Eddington e depois com Patrice Wymore, sua companheira até o fim da vida. Era conhecido por seu estilo de vida extravagante, repleto de festas, romances e escândalos. Em 1942, foi julgado por estupro, mas acabou absolvido — episódio que marcou profundamente sua imagem pública. Fora das telas, era amante da navegação, da literatura e das viagens, mas também teve problemas sérios com álcool e drogas.

Morte do ator
Errol Flynn faleceu em 14 de outubro de 1959, em Vancouver, Canadá, aos 50 anos, vítima de um ataque cardíaco causado por complicações de uma cirrose hepática e problemas cardíacos. Sua morte precoce encerrou uma vida marcada por glória, excessos e lendas.

Prêmios e Reconhecimentos
Apesar de nunca ter sido indicado ao Oscar, Flynn foi amplamente reconhecido por seu carisma e importância cultural:

  • Recebeu homenagens póstumas em diversos festivais de cinema.

  • Em 1960, ganhou uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood (na categoria Cinema).

  • Em 1985, a revista American Film Institute o incluiu entre os maiores ícones do cinema de aventura.

  • É constantemente lembrado em listas de “maiores astros da Era de Ouro de Hollywood”.

Legado
Errol Flynn permanece como o maior símbolo do herói aventureiro do cinema clássico. Sua interpretação em As Aventuras de Robin Hood é considerada definitiva e influenciou inúmeros atores e produções posteriores. Representava o ideal romântico do galã destemido, espirituoso e elegante.
Mesmo décadas após sua morte, seu nome é sinônimo de charme, bravura e rebeldia — um verdadeiro mito da tela grande. O próprio termo “swashbuckler” (herói de capa e espada) ficou indissociável de sua figura.

domingo, 12 de outubro de 2025

Os Desaparecidos

Título no Brasil: Os Desaparecidos
Título Original: Bureau of Missing Persons
Ano de Lançamento: 1933
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Roy Del Ruth
Roteiro: Robert Presnell Sr, John H. Ayers
Elenco: Bette Davis, Lewis Stone, Pat O'Brien

Sinopse:
Uma jovem e bonita loira vai até o departamento de polícia para denunciar o desaparecimento do próprio marido. Assim que os detetives entram no caso descobrem que há coisas bem esquisitas acontecendo. O homem desaparecido não era casado e aquela jovem parece ser a principal suspeita do crime. 

Comentários:
Um filme policial B da Warner Bros, produzido na década de 1930 e estrelado pela grande atriz Bette Davis. Ela estava bem jovem quando fez esse filme e procurava seguir os passos, pelo menos no visual, da moda da época, com os cabelos platinados, bem marcantes. Um fato curioso é que Davis sempre teve muita personalidade, mesmo quando jovem. Assim que ela entra na delegacia você já percebe que a metadr das coisas que diz são pura mentira, e a outra não é nada confiável. Suas tentativas de parecer tolinha e bobinha, inocente de tudo, não enganam ninguém e esse é apenas um dos charmes desse bom filme policial. Destaque para a cena no necrotério, que é de um humor negro muito refinado realmente. Para quem pensa que o cinema antigo era tolinho... Era nada, pelo contrário, tinha ótimas sacadas de roteiro. 

Pablo Aluísio.

sábado, 11 de outubro de 2025

Bette Davis

Guia
completo e cronológico sobre Bette Davis, uma das maiores atrizes da história do cinema americano e um ícone da Era de Ouro de Hollywood.

🎬 Bette Davis – Biografia Completa

1. História e Início de Carreira

  • Nome completo: Ruth Elizabeth Davis

  • Nascimento: 5 de abril de 1908, em Lowell, Massachusetts, EUA

  • Falecimento: 6 de outubro de 1989, em Neuilly-sur-Seine, França

  • Profissão: Atriz, produtora e ícone do cinema clássico

  • Atuação: 1929–1989

Bette Davis começou no teatro antes de migrar para o cinema no final da década de 1920. Destacou-se por interpretar personagens femininas fortes, complexas e muitas vezes antipáticas — o que a diferenciava das estrelas glamorosas de Hollywood de sua época.

Foi uma das primeiras atrizes a lutar por liberdade artística em seu contrato com os estúdios, tornando-se símbolo da independência feminina no cinema.


2. Vida Pessoal

  • Casou-se quatro vezes:

    1. Harmon Nelson (1932–1938) – seu primeiro marido, músico.

    2. Arthur Farnsworth (1940–1943) – morreu em um acidente doméstico.

    3. William Grant Sherry (1945–1950) – tiveram uma filha, B.D. Hyman.

    4. Gary Merrill (1950–1960) – adotaram dois filhos.

  • Teve uma relação conturbada com a filha B.D. Hyman, que mais tarde publicou um livro criticando a mãe (My Mother’s Keeper, 1985).

  • Era conhecida pelo temperamento forte, perfeccionismo e exigência com diretores e colegas.


3. Principais Filmes

Ano Título Original Título no Brasil Destaque
1934 Of Human Bondage Cativeiro do Desejo Primeira grande atuação dramática.
1935 Dangerous Perigosa Ganhou seu 1º Oscar de Melhor Atriz.
1938 Jezebel Jezebel 2º Oscar de Melhor Atriz.
1940 The Letter A Carta Um de seus papéis mais intensos.
1941 The Little Foxes Pérfida Clássico com interpretação magistral.
1950 All About Eve A Malvada Um dos maiores filmes de todos os tempos; indicada ao Oscar.
1962 What Ever Happened to Baby Jane? O Que Terá Acontecido a Baby Jane? Papel icônico; rivalidade com Joan Crawford.
1978 Death on the Nile Morte no Nilo Sucesso no cinema britânico.
1987 The Whales of August As Baleias de Agosto Último grande papel.

🟡 Total: mais de 100 filmes ao longo de 60 anos de carreira.
🟡 Indicações ao Oscar: 10 vezes (ganhou 2).
🟡 Prêmio honorário da Academia: 1977, pelo conjunto da obra.


4. Cronologia – Linha do Tempo

Ano Evento
1908 Nasce em Lowell, Massachusetts.
1926–1929 Início da carreira teatral em Nova York.
1930 Assina contrato com a Warner Bros. e estreia no cinema.
1934 Fica famosa com Of Human Bondage.
1935 Vence o primeiro Oscar por Dangerous.
1936 Entra em conflito com a Warner e processa o estúdio — perde, mas conquista mais liberdade criativa.
1938 Ganha o segundo Oscar por Jezebel.
1940s Torna-se uma das atrizes mais bem pagas de Hollywood.
1950 Reaparece em grande estilo com All About Eve.
1962 Protagoniza What Ever Happened to Baby Jane?, grande sucesso de crítica e bilheteria.
1977 Recebe o Oscar Honorário pelo conjunto da carreira.
1983 Sofre um AVC e passa por uma mastectomia devido a câncer de mama.
1987 Retorna ao cinema em The Whales of August.
1989 Falece em Neuilly-sur-Seine, França, aos 81 anos.

5. Morte

Bette Davis morreu em 6 de outubro de 1989, em decorrência de câncer de mama e complicações após um AVC. Ela estava em Paris para participar de um festival de cinema e foi sepultada no Forest Lawn Memorial Park, em Los Angeles.

Sua lápide traz uma frase famosa que reflete sua personalidade forte:

“She did it the hard way.” (Ela fez do jeito mais difícil.)


6. Legado e Importância Histórica

  • Atriz símbolo da força feminina no cinema: interpretou personagens complexas, determinadas e sem medo de desafiar padrões.

  • Pioneira: primeira mulher a presidir a Academy of Motion Picture Arts and Sciences (a Academia do Oscar).

  • Independente: lutou contra o sistema dos estúdios, abrindo espaço para que artistas tivessem mais controle sobre suas carreiras.

  • Ícone cultural: sua imagem (especialmente o olhar intenso) inspirou canções, como Bette Davis Eyes (Kim Carnes, 1981), vencedora do Grammy.

  • 🎬 Influência duradoura: inspira atrizes até hoje, como Meryl Streep, Glenn Close e Jessica Chastain.


domingo, 5 de outubro de 2025

O Filho do Sheik

Título no Brasil: O Filho do Sheik
Título Original: The Son of the Sheik
Ano de Produção: 1926
País: Estados Unidos
Estúdio: Feature Productions
Direção: George Fitzmaurice
Roteiro: Edith Maude Hull, Frances Marion
Elenco: Rudolph Valentino, Vilma Bánky, George Fawcett

Sinopse:
O filho do poderoso sheik se apaixona por uma dançarina muito sensual e bela. Seu romance porém não será um mar de rosas pois contraria os interesses de várias pessoas, inclusive de parentes e pessoas influentes de dentro de sua própria família. Nada disso abalará seu coração pois Ahmed (Rodolfo Valentino) está decidido a lutar pelo grande amor de sua vida.

Comentários:
Rudolph Valentino, ou como é conhecido no Brasil, Rodolfo Valentino, foi um dos primeiros grandes ídolos do cinema americano. Seu estilo exótico, fruto de sua nacionalidade italiana, fazia com que as mulheres americanas das décadas de 1910 e 1920 suspirassem sempre que ele aparecia na tela. Era a época do cinema mudo, onde os atores e atrizes usavam forte maquiagem (para que suas expressões faciais fossem captadas pelas primitivas câmeras cinematográficas). Valentino virou um ícone porque teve uma vida trágica, morreu muito jovem, causando comoção mundial. Seu enterro foi um dos maiores da época e ninguém conseguia entender como aquele galã tão pintoso e bonito havia morrido daquele jeito. Sua morte prematura, ainda nesse ano, o elevaria à categoria de ídolo imortal da sétima arte. Esse filme aqui foi seu último, uma tentativa de repetir o sucesso de seu grande êxito de bilheteria, "O Sheik" de 1921. Para o público de hoje tudo obviamente vai soar bem estranho. Os filmes do cinema mudo eram extremos, as tramas sempre exageradas e geralmente com momentos trágicos que hoje em dia vão soar quase risíveis. De qualquer maneira é o tipo de película que deve ser conhecida, nem que seja para ver Valentino em cena, afinal de contas ele foi o primeiro grande mito da nascente indústria cinematográfica dos Estados Unidos. E isso há cem anos, imagine você! Seu nome sempre será lembrado na história do cinema.

Pablo Aluísio.

sábado, 4 de outubro de 2025

Rodolfo Valentino

Rodolfo Valentino
Ainda na era do cinema mudo surgiu o primeiro superstar do cinema mundial. Ele era o ídolo máximo das telas em sua época. O interessante é que ele não era americano, mas sim italiano, nascido em Castellaneta, filho de um casal de classe média da região. Em 1913 decidiu tentar a sorte na América, como muitos de sua nação. Assim se tornou imigrante, chegando nos Estados Unidos por volta daquele mesmo ano. A vida nova em um novo país não foi fácil. Para sobreviver trabalhou em praticamente tudo, chegando a ser lavador de pratos, jardineiro, garçom, até que decidiu ir embora para a Califórnia. Foi a sorte grande em sua vida. No novo estado descobriu que as portas do cinema poderiam lhe ser abertas. 

Começou como mero figurante, mas sua beleza logo chamou a atenção dos produtores. Assim os estúdios decidiram apostar no novato, o colocando como galã romântico exótico em sua série de fitas de baixo orçamento que logo se tornaram grandes sucessos de bilheteria. Em pouco tempo estava nas capas de todas as revistas de cinema, sempre sendo promovido como o perfeito "amante latino". 

Nessa fase colecionou grandes sucessos no cinema com os filmes “Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse”, "O Sheik", “Sangue e Areia” e “A Águia”. Parecia ter um futuro mais do que promissor pela frente, mas o destino tinha outros planos. No dia 23 de agosto de 1926 ele faleceu em Nova Iorque, com apenas 31 anos de idade! A causa foi divulgada como decorrência de complicações relacionadas a uma úlcera gástrica que teria se perfurado, resultando em peritonite, juntamente com inflamação do apêndice. Houve uma tentativa de salvar sua vida em uma cirurgia de emergência, mas não houve resposta positiva de seu organismo.

A morte do ator o transformou em um mito imediato, o primeiro caso de mitologia fúnebre envolvendo um astro de Hollywood. Só para se ter uma ideia da comoção, em seu funeral, afirmaram os jornais da época, compareceram mais de 100 mil pessoas. Uma multidão acompanhou o corpo do ator até seu destino final. Era uma prova da força do cinema já naqueles tempos pioneiros. 

Como era de se esperar a morte imortalizou o mito de Rodolfo “Rudolph” Valentino. De certa maneira ele criou o tipo de galã que seria imitado por décadas após sua morte no cinema americano. A figura do amante latino jamais deixaria as telas depois de sua curta e meteórica carreira. Também foi um pioneiro no impacto dentro da cultura pop. Sua influência rompeu as fronteiras do cinema, não ficando restrita apenas aos seus filmes. Sua imagem também passou a influenciar a moda, a imprensa e os costumes da sociedade. Houve o surgimento de toda uma busca ávida do público por detalhes pessoais de seus ídolos. Depois de Valentino também surgiu uma série de clubes formados por admiradores, o tipo de associação que hoje conhecemos como fãs clubes. 

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Rodolfo Valentino - Parte II

Aqui vai um panorama sobre Rodolfo “Rudolph” Valentino — sua biografia, carreira, morte, repercussão e legado. 

Biografia

  • Nasceu com o nome Rodolfo Alfonso Raffaello Piero Filiberto Guglielmi di Valentina d’Antonguolla em 6 de maio de 1895, em Castellaneta, na região da Apúlia, Itália. (Wikipédia)

  • Sua mãe era Francesa (Marie Berthe Gabrielle Barbin) e o pai, Giovanni Antonio Giuseppe Fidele Guglielmi, veterinário, faleceu relativamente cedo, vítima de malária. (Wikipédia)

  • Emigrou para os Estados Unidos quando jovem (por volta de 1913). Nos primeiros anos trabalhou em diversos ofícios — jardineiro, lavador de pratos, dançarino de salão, figurante — até conseguir papéis maiores no cinema mudo em Hollywood. (Brasil Escola)

  • Seu estilo físico (beleza, porte, olhar marcado) e seu magnetismo pessoal ajudaram muito na construção de sua imagem de galã, “amante latino” no cinema, numa época em que o cinema era mudo, exigindo muito do expressivo visual e corporal. (Educação UOL)


Principais Filmes

Alguns dos filmes mais importantes na carreira de Valentino, que ajudaram a solidificar sua fama:

Filme Ano Importância / Destaques
The Four Horsemen of the Apocalypse (“Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse”) – 1921 1921 Foi um dos filmes que lhe deram projeção como estrela; uma cena de tango nesse filme ficou bastante famosa. (Brasil Escola)
The Sheik (“O Sheik”) 1921 Talvez seu papel mais emblemático, reforçou sua imagem de amante romântico – tornou-se parte do estereótipo com o qual Valentino será sempre associado. (Brasil Escola)
Blood and Sand (“Sangue e Areia”) 1922 Outro grande sucesso, reforçando sua capacidade dramática e seu apelo popular. (Educação UOL)
The Eagle (“A Águia”) 1925 Valentino produziu este filme, mostra algo do controle que já exercia em sua carreira e sua vontade de papéis com mais substância. (Educação UOL)
The Son of the Sheik (“O Filho do Sheik”) 1926 Último filme de Valentino; lançado depois de sua morte. Também importante por repetir o sucesso do primeiro Sheik. (Wikipedia)

A Morte: Detalhes e Repercussão

  • Valentino faleceu em 23 de agosto de 1926, em Nova Iorque, com apenas 31 anos. (Brasil Escola)

  • Causa: complicações relacionadas a uma úlcera gástrica que teria se perfurado, resultando em peritonite, juntamente com inflamação do apêndice. Houve cirurgia, mas não se recuperou. (Wikipedia)

  • Repercussão imediata: sua morte causou grande comoção. Fãs ficaram em estado de choque; houve histeria em massa. Multidões acompanharam o velório, o funeral. Algumas fontes falam de suicídios de admiradores. (Opera Mundi)

  • Estima-se que mais de 100 mil pessoas seguiram o caixão pelas ruas durante o funeral. (Opera Mundi)


Legado

  • Valentino foi um dos primeiros sex symbols do cinema — talvez o primeiro grande ícone masculino desse tipo no cinema americano e mundial. Sua imagem moldou expectativas de beleza masculina, romantismo e sedução. (Educação UOL)

  • Ele ajudou a criar e popularizar o estereótipo do “Latin Lover” em Hollywood — o homem sensual, exótico, misterioso, diferente do típico galã norte-americano. (Educação UOL)

  • Também foi importante como modelo de astro cinematográfico cuja fama extrapolava os filmes: moda, admiradores, cultura pop emergente, cobertura da imprensa, fenômenos de fã-clubes. (Wikipédia)

  • Seus filmes continuam sendo estudados como marcos do cinema mudo, tanto pela estética quanto pelo modo como construíram uma mitologia em torno da celebridade. (historiasdecinema.com)

  • Seu falecimento precoce contribuiu para mitificar sua figura: a morte jovem, inesperada, o faz parte da memória como alguém que morreu no auge, algo que alimenta fascínio e lenda. (Opera Mundi)


quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Rodolfo Valentino - Parte III

Aqui vai uma cronologia da vida, com detalhes pessoais, escândalos, relacionamentos e episódios menos conhecidos de Rudolph Valentino (Rodolfo Guglielmi).

Cronologia da Vida e Trajetória

Infância e juventude (1895 – início 1910)

  • Nasceu em 6 de maio de 1895 em Castellaneta, região da Apúlia, no sul da Itália, com o nome completo Rodolfo Alfonso Raffaello Pierre Filibert Guglielmi di Valentina d’Antonguolla. (Wikipedia)

  • Seu pai, Giovanni, era veterinário e morreu de malária quando Rodolfo tinha cerca de 11 anos. (Encyclopedia Britannica)

  • Sua mãe, Marie Berthe Barbin (de origem francesa), exerceu grande influência em sua criação. (Wikipédia)

  • Na juventude, teve dificuldades escolares; chegou a estudar ciências agrícolas. (Encyclopedia Britannica)

  • Em 1912, teria passado um período em Paris, mas voltou à Itália e, em 1913, emigrou para os Estados Unidos, instalando-se em Nova York. (Encyclopedia Britannica)

Primeiros anos nos EUA (1913 – ~1917)

  • Chegou a trabalhar como jardineiro e como lavador de pratos para sobreviver nos Estados Unidos. (Encyclopedia Britannica)

  • Também trabalhou como taxi dancer — isto é, dançarino de salão contratado para dançar com mulheres nos clubes por uma quantia paga por minuto ou por dança. (Encyclopedia Britannica)

  • Envolveu-se num episódio polêmico: testemunhou em um processo de divórcio de Blanca de Saulles contra seu marido John de Saulles, acusando-o de adultério, o que gerou reações adversas posteriores. (Encyclopedia Britannica)

  • Por causa desse episódio (e sua repercussão), ele se viu em apuros com autoridades, inclusive preso sob acusações ligadas a “vice” (imorais, culpabilidade social), embora as acusações tenham sido retiradas posteriormente. (Encyclopedia Britannica)

  • Em 1917, buscando recomeçar, ele se mudou para a Califórnia (Hollywood) para tentar a carreira cinematográfica. (Encyclopedia Britannica)

Ascensão no cinema mudo (1918 – início dos anos 1920)

  • Em Hollywood, usou o nome artístico Rudolph Valentino (uma versão “americanizada” de seu nome). (Wikipedia)

  • Inicialmente participou de papéis secundários, vilões, cenas menores — ainda não era estrela. (Encyclopedia Britannica)

  • Uma pessoa-chave em sua trajetória foi June Mathis, roteirista e figura influente em Hollywood. Ela apostou em Valentino para The Four Horsemen of the Apocalypse (1921), para o papel de Julio, um dos papéis decisivos que lançaram sua fama. (Encyclopedia Britannica)

  • Em The Four Horsemen of the Apocalypse, há uma famosa cena de tango que acentuou seu apelo romântico e exótico para o público. (Encyclopedia Britannica)

  • Ainda em 1921, estreou outro grande sucesso: The Sheik, em que interpreta um sheik árabe apaixonado por uma mulher ocidental — um papel que logo se associou à sua identidade artística. (Encyclopedia Britannica)

  • Em meados dos anos 1920, Valentino já era visto como um astro, ídolo entre o público feminino e alvo de críticas e polêmicas devido à sua imagem e estilo que fugia ao padrão rígido de masculinidade da época. (Encyclopedia Britannica)

Vida pessoal, casamentos e escândalos

  • Em 1919, casou-se com a atriz Jean Acker. Esse casamento teve contornos dramáticos: na noite de núpcias, Acker trancou-se no quarto, impedindo Valentino de entrar. O casamento nunca foi consumado de fato. (Wikipédia)

  • O casamento com Acker foi ultrapassado no papel legalmente só em 1921, quando finalmente se divorciaram. (Encyclopedia Britannica)

  • Posteriormente conheceu Natacha Rambova (nome de nascimento Winifred Shaughnessy), que trabalhava como figurinista e tinha ligações com o meio artístico de Hollywood. (Wikipédia)

  • Em 13 de maio de 1922, Valentino e Natacha se casaram no México — mas esse casamento teve controvérsias de bigamia porque seu divórcio de Jean Acker não havia sido oficialmente finalizado conforme exigências legais. (Wikipédia)

  • Devido às pressões legais, o casamento foi anulado, mas eles se casaram novamente em 1923. (Encyclopedia Britannica)

  • A relação entre Valentino e Rambova foi turbulenta. Ela era ambiciosa, controladora em termos de imagem, interferia em decisões artísticas e era bastante influente. Com o tempo, surgiram conflitos entre eles, inclusive com estúdios que não a permitiam participar das filmagens. (Encyclopedia Britannica)

  • O casamento com Rambova terminou em divórcio por volta de 1925. (Wikipédia)

  • Nos anos finais de sua vida, Valentino manteve relacionamentos com várias celebridades da época, como Pola Negri e outros nomes do meio artístico. (Encyclopedia Britannica)

Filmes e trajetória artística

  • Valentino fez muitos filmes durante sua carreira curta. Sua filmografia oficial reúne dezenas de títulos, dos quais alguns se tornaram clássicos do cinema mudo. (Wikipedia)

  • Destacam-se: The Four Horsemen of the Apocalypse (1921), The Sheik (1921), Blood and Sand (1922), The Eagle (1925), The Son of the Sheik (1926). (Wikipedia)

  • Alguns dos filmes menos lembrados, mas que fazem parte de sua produção: Monsieur Beaucaire (1924), A Sainted DevilThe Young Rajah, entre outros. (Encyclopedia Britannica)

  • Em The Son of the Sheik (lançado em 1926), Valentino reprisa o papel ligado ao universo do “Sheik” — esse foi seu último filme, lançado após sua morte. (Encyclopedia Britannica)

Doença, morte e despedida (1926)

  • Na segunda quinzena de agosto de 1926, Valentino adoeceu gravemente. Ele sofreu uma perfuração de úlcera estomacal, que evoluiu para peritonite. (IMDb)

  • Foi submetido a cirurgia, mas a infecção se alastrou. Ele faleceu em 23 de agosto de 1926, em Nova Iorque, aos 31 anos. (Encyclopedia Britannica)

  • Um dos registros diz que ele desmaiou no hotel em que estava, no dia 15 de agosto, já com dores intensas. (IMDb)

  • Sua morte causou comoção generalizada. Centenas de milhares de fãs foram às ruas para acompanhar o funeral, houve relatos de mulheres desmaiando, suicídios tentados, reações emotivas extremas. (Encyclopedia Britannica)

  • No funeral, estima-se que cerca de 80 mil pessoas acompanharam o cortejo em Nova Iorque. (IMDb)

  • O corpo foi levado em trem funerário até Los Angeles, e houve uma nova celebração de despedida lá. (IMDb)

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Filmografia de Charles Chaplin - Parte 1

Filmes de Charles Chaplin na década de 1910
Chaplin começou sua carreira no cinema na década de 1910. Até esse momento ele era um conhecido ator de teatro, em comédias pastelão. Ao chegar na Califórnia descobriu que havia uma nova forma de ganhar dinheiro como ator, fazendo filmes para os pequenos estúdios que começavam a aparecer em todos os lugares de Hollywood. Eia a lista dos primeiros filmes de Chaplin, puro cinema mudo, produzido na década de 1910.

1914: 
Corridas de Automóveis para Meninos
Carlitos no Hotel
Dia Chuvoso
Joãozinho na Película
Carlitos Dançarino
Carlitos entre o Bar e o Amor
O Marquês
Carlitos e a Patroa
Carlitos Banca o Tirano
Vinte Minutos de Amor
Carlitos no Cabaré
Carlitos na Chuva
Um Dia Ocupado
Carlitos e a Mala Fatal
Seu Amigo, o Bandido
O Maluco
Um Dia Cheio para Mabel
O Casamento de Mabel
O Pintor Apaixonado
A Recreação de Carlitos
O Mascarado
Carlitos, o Novo Profissional
Carlitos em Apuros
Carlitos, o Zelador
Carlitos e as dores do Amor
A Dinamite de Carlitos

1915:
Carlitos na Pré-História
Carlitos, o Campeão de Boxe
Carlitos no Parque
O Vagabundo
Carlitos no Banco
Um trabalho atrapalhado de Carlitos
Carlitos no Teatro
Um Carlitos no Burlesco
Carlitos e os Policiais
Carlitos no Armazem

1916:
Carlitos Bombeiro
Carlitos, o Vagabundo
Carlitos Boêmio
O Conde
A Loja de Penhores
Carlitos no Estúdio
Carlitos no Rinque

Pesquisa: Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

O Homem que Sabia Demais

Assisti a esse filme pela primeira vez há muitos anos. Ele foi lançado, ao lado de vários outros do diretor Alfred Hitchcock em uma coleção do selo CIC vídeo. É um dos mais conhecidos filmes do mestre do suspense, mas é justamente no suspense que esse filme tem suas maiores falhas. Os filmes de Hitchcock geralmente seguiam por uma linha mais forte, mais sombria até. Esse filme é bem mais leve. Inclusive a presença de Doris Day no elenco, com sua imagem doce e até inocente, destoa do tipo básico de produções que Hitchcock dirigia na época. Ela chega a cantar em cena um de seus sucessos, uma música romântica bem de acordo com a inocência daqueles anos. Nada mais fora da rota de um filme de Hitchcock que poderia se imaginar.

A história é até interessante, quando um casal de turistas no Marrocos (Norte da África) se envolve em uma trama de intriga internacional que nem eles sabem direito como surgiu ou quem estaria por trás de tudo. James Stewart segura bem as pontas. Ele foi um ator recorrente em clássicos do diretor, em especial "Um Corpo que Cai" e "Janela Indiscreta", mas aqui, em um roteiro mais convencional e dentro dos padrões moralistas da época, não se destaca tanto. No final das contas as lembranças que ficam desse filme é exatamente da cantoria de Doris Day. O que para um filme que deveria ser de suspense, não é lá grande coisa. Tudo muito pueril para um filme que deveria causar medo e apreensão no espectador.

O Homem que Sabia Demais (The Man Who Knew Too Much, Estados Unidos, 1954) Direção: Alfred Hitchcock / Roteiro: John Michael Hayes / Elenco: James Stewart, Doris Day, Brenda de Banzie / Sinopse: Casal de turistas dos Estados Unidos é atacado em suas férias no Marrocos. E sem nem entender direito as razões, se envolve em uma intriga internacional envolvendo países inimigos, em plena guerra fria.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 22 de setembro de 2025

O Invencível

O Invencível
Kirk Douglas teve uma das filmografia mais longas e produtivas da história de Hollywood. São 92 filmes, onde o ator ao longo de cinco décadas de carreira, mostrou todo o seu talento, indo do drama à comédia, dos filmes de guerra aos filmes de western. Tudo realizado com grande talento e empenho profissional. Um de seus grandes filmes foi esse "O Invencível" de 1949, onde chegou inclusive a ser indicado ao Oscar de melhor ator. Muitos na época acreditavam que Kirk Douglas era o favorito ao prêmio, mas como em termos de Academia tudo pode acontecer, ele não levou a estatueta para casa. Claro, foi decepcionante para ele que apareceu na festa bem animado, mas não deu, Kirk não se tornou o escolhido daquela noite. Nesse filme Kirk Douglas interpretou um esportista conhecido como Midge, um sujeito de origem humilde que começa a subir na carreira de lutador de boxe. Conforme cresce e se torna uma figura importante no mundo esportivo, ele começa a esquecer todos aqueles que lhe ajudaram nessa longa caminhada. Abandona a mulher que fez tudo por ele e começa a ignorar parentes e amigos dos duros anos da pobreza. Como se vê é um personagem complicado de se interpretar, uma vez que na verdade se trata de um sujeito de caráter duvidoso, que acaba se deslumbrando com a sua própria fama e sucesso.

Para muitos especialistas na biografia de Kirk Douglas esse foi um dos filmes definitivos de sua carreira, pois o alçou para o estrelado. Não é para menos pois Kirk está completamente à vontade no papel do inescrupuloso Midge, uma pessoa que fica embriagada com seu próprio êxito nos ringues. O filme tem um clima noir dos mais marcantes, com belo uso da fotografia preto e branco, obviamente inspirado no cinema alemão da época. As cenas de lutas são extremamente bem editadas, o que valeu o Oscar de melhor montagem para o filme naquele ano. Até porque uma luta de boxe no cinema exigia emoção e nada melhor do que uma boa edição para realçar ainda mais esse aspecto.  

A atriz Marilyn Maxwell (grande amiga pessoal de outro astro da época, Rock Hudson) está perfeita no papel de Grace. Curiosamente o filme teria problemas anos depois no auge da chamada "Caça às Bruxas" pois o roteiro foi considerado o símbolo perfeito do sentimento subversivo que havia sido acusado o cinema americano daqueles anos. O roteirista Carl Foreman acabou sendo acusado de ser comunista e entrou para a lista negra. Bobagem paranoica, tipicamente da mentalidade débil mental do Macarthismo. Deixe tudo isso de lado, "O Invencível" é um perfeito retrato das mudanças de um homem que não conseguiu mais separar seu sucesso profissional de sua vida pessoal. Não se trata de uma ode à ideologia socialista. Assim fica a recomendação para os fãs do cinema noir da década de 1940, pois "Champion" é sem dúvida uma grande obra cinematográfica daquele período histórico do cinema americano.

O Invencível (Champion, Estados Unidos, 1949) Direção: Mark Robson / Roteiro: Carl Foreman, Ring Lardner / Elenco: Kirk Douglas, Marilyn Maxwell, Arthur Kennedy / Sinopse: Boxeador (Douglas) começa a colecionar vitórias nos ringues ao mesmo tempo em que começa a esquecer todos aqueles que o ajudaram a subir na carreira. O destino porém lhe reservará uma grande lição de vida. Filme vencedor do Oscar nas categorias de melhor edição (Harry Gerstad). Também indicado nas categorias de melhor ator (Kirk Douglas), melhor ator coadjuvante (Arthur Kennedy), melhor roteiro (Carl Foreman), melhor direção de fotografia em preto e branco (Franz Planer) e melhor música (Dimitri Tiomkin). Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de melhor direção de fotografia em preto e branco (Franz Planer).

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 15 de setembro de 2025

As Cartas de Grace Kelly - Parte 2

As Cartas de Grace Kelly
Grace Kelly nasceu em uma família tradicional da Pennsylvania. Seus antepassados eram alemães que foram para os Estados Unidos em busca de oportunidades e se deram muito bem, se tornando profissionais bem sucedidos. A mãe de Grace era uma mulher muito elegante, fina e sofisticada que falava várias línguas. Ela era disciplinada, estudiosa, desportista e se formou em uma prestigiada universidade. Algum tempo depois se tornou professora nessa mesma instituição. O pai de Grace também era um homem bem sucedido no ramo de negócios. Toda a sua família era extremamente bem estruturada.

Grace era a filha do meio. Ela tinha duas irmãs mais velhas e um irmão mais jovem, o caçula. Por ser a irmã do meio ela não sofreu todas as pressões que as garotas mais velhas sofreram, mas tampouco foi tão mimada quanto o caçula da família. A mãe de Grace desejava que ela fosse para uma prestigiada universidade para estudar medicina. Para isso a matriculou em uma excelente escola católica dirigida por freiras onde apenas moças da alta sociedade estudavam. O ensino era realmente maravilhoso e assim Grace Kelly teve uma educação primorosa.

A mãe de Grace queria que sua família tivesse uma educação prussiana, tal como ela havia sido criada em sua infância e juventude. Isso significa disciplina, boa educação e bons modos. A família Kelly assim era uma das mais requintadas da  Philadelphia, muito bem conceituada dentro daquela sociedade. Todos as irmãs de Grace se tornaram pessoas influentes, bem sucedidas. O futuro parecia traçado por sua mãe, mas ela esqueceu de perguntar para Grace o que a filha queria fazer de sua vida. E Grace queria ser atriz, desde sua adolescência. Ela não queria ser uma médica, para passar o resto de sua vida em um hospital. Ela nem gostava de ambientes hospitalares!

O curioso é que havia artistas na tradicionalíssima família Kelly. A tia de Grace tinha tentando se tornar atriz em sua juventude. Ela até começou a dar certo em sua carreira, mas a pressão familiar falou mais alto e ela acabou largando seus sonhos. Largou a profissão de atriz, que era mal vista dentro do clã, e se casou com um rico homem de negócios. Acabou a vida frustrada, afundando as mágoas na bebida. Sobre ela Grace relembraria: "Pobre titia... Tão talentosa, mas havia nascido na época errada! Havia tanto preconceito contra artistas naqueles tempos!". A maior influência na vida de Grace porém vinha de um tio chamado Georgie. Ele não apenas sonhou em ser ator como se tornou um ótimo profissional de teatro e cinema, mesmo com todas as críticas e as constantes desaprovações dos demais familiares. Era considerado a ovelha negra da família Kelly, um sujeito com fama de ser uma pessoa exótica, sonhadora... Praticamente tudo o que Grace sonhava secretamente se tornar no futuro.

Pablo Aluísio.