terça-feira, 21 de outubro de 2025

Rock e Marilyn - Um Encontro Impossível

Rock e Marilyn - Um Encontro Impossível
Era 1952, o auge dourado de Hollywood. As colunas sociais viviam de rumores, e cada estrela parecia uma constelação intocável. Rock Hudson, com seu sorriso impecável e porte de galã, era o novo queridinho dos estúdios. Recém-saído de papéis menores, começava a ganhar destaque e já despertava a curiosidade de jornalistas e fãs. Naquele ano, durante uma festa promovida pela Universal, ele conheceu Marilyn Maxwell — loira, charmosa, espirituosa, com uma risada que parecia iluminar o salão inteiro.

Marilyn estava fascinada. Rock era diferente dos homens com quem convivia em Hollywood — havia nele uma elegância discreta, uma gentileza rara. Dançaram juntos, trocaram olhares e conversaram por horas sobre cinema, música e viagens. Ao final da noite, ela confessou a uma amiga que se sentia encantada por aquele “homem de olhos tristes”. Para ela, parecia o início de uma história romântica digna das telas.

Rock, por outro lado, também se sentiu atraído — não por desejo, mas por afinidade. Marilyn o fazia rir, e ele apreciava sua companhia. No entanto, por trás do sorriso, havia uma tensão invisível. Rock vivia um segredo que o consumia. Era gay num tempo em que isso significava o fim de qualquer carreira. A indústria que o aplaudia era a mesma que o destruiria se a verdade viesse à tona.

Nos dias seguintes, Marilyn o convidou para sair várias vezes. Foram vistos em jantares, estreias e eventos. As revistas logo começaram a especular um romance, o que, para o estúdio, era uma bênção. Os publicitários de Rock incentivaram a relação, dizendo que “fazia bem à imagem dele”. E ele, embora desconfortável, cedeu — sorria para as câmeras, abraçava Marilyn em público e fingia estar apaixonado.

Mas havia momentos em que o jogo o machucava. Marilyn, sincera em seus sentimentos, tentava se aproximar mais, entender aquele homem reservado. Rock, educado e doce, desviava com elegância. Dizia estar “focado no trabalho”, ou “com a cabeça cheia”. Ela não compreendia. Às vezes, notava uma melancolia profunda em seus olhos — um silêncio que não combinava com o galã das telas.

Certa noite, depois de um jantar no Beverly Hills Hotel, Marilyn tentou beijá-lo. Rock recuou, disfarçando com um sorriso. Disse algo vago sobre “não querer estragar a amizade”. Ela ficou confusa, ferida. No dia seguinte, contou a uma colega que talvez Rock fosse apenas tímido, ou quem sabe apaixonado por outra mulher. Nunca imaginaria o verdadeiro motivo.

A amizade entre os dois esfriou aos poucos. Rock continuou sua ascensão meteórica, enquanto Marilyn seguiu sua carreira, levando consigo uma ponta de desilusão. Ele, por sua vez, guardou aquele episódio como mais uma lembrança da vida que não podia viver. O preço da fama era a mentira; o disfarce, sua prisão.

Anos depois, em entrevistas, Rock recordaria com carinho daquela época — sem mencionar nomes, sem confessar segredos. Apenas dizia que “a fama o obrigou a representar também fora das telas”. Talvez, em silêncio, lembrasse da mulher que quis amá-lo, e da verdade que nunca pôde dizer. Entre eles ficou o que Hollywood mais sabia produzir: uma bela história impossível.

Pablo Aluísio. 

3 comentários:

  1. Mal sabiam que da fruta que ela gostava, ele chupava até o caroço.

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  2. Até os grandes astros de Hollywood, como o Rock Hudson, precisaram enfrentar situações constrangedoras de "saia justa" (aqui literalmente falando) rsrs

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